Estudos já mostraram que quando você realmente acredita que não vai doer, quase não dói mesmo. Um estudo feito recentemente por um grupo italiano indica como seu cérebro processa: produzindo opióides próprios que agem especificamente sobre a representação mental daquela parte do seu corpo que vai sofrer o ataque. Assim, a anestesia "psicológica" é dirigida somente àquela porção do corpo, preservando a sensibilidade das outras.
Fabrizio Benedetti, Claudia Arduino e Martina Amanzio, da Universidade de Torino, contaram com a participação de 173 voluntários no estudo.
Todos os voluntários recebiam uma injeção de capsaicina, um dos princípios ativos da pimenta, simultaneamente nas costas das mãos e no dorso dos pés. A injeção de capsaicina provoca uma dor ardente localizada. A cada minuto, os voluntários avaliavam a intensidade da dor em uma escala de 0 (nenhuma dor) a 10 (dor insuportável). Em média, os voluntários avaliaram a dor inicial como 5 ou 6, decaindo gradualmente até desaparecer (dor 0) 15 minutos após a injeção.
Alguns voluntários, no entanto, receberam antes da injeção um creme aplicado a uma das mãos, ou a um dos pés. O creme, apresentado como "um anestésico local poderoso que alivia a ardência da capsaicina", era na verdade um placebo, uma mistura de óleo de tomilho e água, sem ação anestésica própria. Resultado: enquanto a dor inicial percebida nas outras partes do corpo era avaliada em 5-6, a dor inicial na mão ou pé que havia recebido o placebo recebia um mero "3", e desaparecia mais rapidamente, em apenas 10 minutos!!
Estudos anteriores haviam mostrado que a antecipação de um efeito analgésico leva à produção de opióides pelo cérebro, que então agem sobre o próprio cérebro diminuindo de fato a sensação de dor. No estudo italiano, o efeito "analgésico" do creme pôde ser anulado por uma injeção prévia de naloxone, que bloqueia a ação de opióides, mostrando que a dor reduzida em decorrência da expectativa era de fato devida à produção de opióides endógenos. A grande novidade deste estudo é mostrar que o opióide produzido na expectativa da analgesia age somente para a parte do corpo que recebeu o suposto analgésico. A explicação mais simples oferecida pelos pesquisadores é que o opióide produzido não atua no cérebro em geral, mas somente nas regiões do cérebro que representam aquela parte do corpo que é objeto da expectativa.
Em outras palavras: se você acredita piamente que seu dedo mindinho da mão esquerda está anestesiado e não vai sentir dor, seu cérebro produz opióides que agem na representação do seu dedo mindinho da mão esquerda, e só nela, e anestesiam seu mindinho pra você. Mesmo que o "anestésico" que lhe aplicaram no mindinho tenha sido só um placebo.
Dá até pra criar uma frase para essa nova explicação biológica do "poder de sugestão" da mente: "Me engana, que eu produzo uns opióides e gosto..."
www.imagick.org.br
Fabrizio Benedetti, Claudia Arduino e Martina Amanzio, da Universidade de Torino, contaram com a participação de 173 voluntários no estudo.
Todos os voluntários recebiam uma injeção de capsaicina, um dos princípios ativos da pimenta, simultaneamente nas costas das mãos e no dorso dos pés. A injeção de capsaicina provoca uma dor ardente localizada. A cada minuto, os voluntários avaliavam a intensidade da dor em uma escala de 0 (nenhuma dor) a 10 (dor insuportável). Em média, os voluntários avaliaram a dor inicial como 5 ou 6, decaindo gradualmente até desaparecer (dor 0) 15 minutos após a injeção.
Alguns voluntários, no entanto, receberam antes da injeção um creme aplicado a uma das mãos, ou a um dos pés. O creme, apresentado como "um anestésico local poderoso que alivia a ardência da capsaicina", era na verdade um placebo, uma mistura de óleo de tomilho e água, sem ação anestésica própria. Resultado: enquanto a dor inicial percebida nas outras partes do corpo era avaliada em 5-6, a dor inicial na mão ou pé que havia recebido o placebo recebia um mero "3", e desaparecia mais rapidamente, em apenas 10 minutos!!
Estudos anteriores haviam mostrado que a antecipação de um efeito analgésico leva à produção de opióides pelo cérebro, que então agem sobre o próprio cérebro diminuindo de fato a sensação de dor. No estudo italiano, o efeito "analgésico" do creme pôde ser anulado por uma injeção prévia de naloxone, que bloqueia a ação de opióides, mostrando que a dor reduzida em decorrência da expectativa era de fato devida à produção de opióides endógenos. A grande novidade deste estudo é mostrar que o opióide produzido na expectativa da analgesia age somente para a parte do corpo que recebeu o suposto analgésico. A explicação mais simples oferecida pelos pesquisadores é que o opióide produzido não atua no cérebro em geral, mas somente nas regiões do cérebro que representam aquela parte do corpo que é objeto da expectativa.
Em outras palavras: se você acredita piamente que seu dedo mindinho da mão esquerda está anestesiado e não vai sentir dor, seu cérebro produz opióides que agem na representação do seu dedo mindinho da mão esquerda, e só nela, e anestesiam seu mindinho pra você. Mesmo que o "anestésico" que lhe aplicaram no mindinho tenha sido só um placebo.
Dá até pra criar uma frase para essa nova explicação biológica do "poder de sugestão" da mente: "Me engana, que eu produzo uns opióides e gosto..."
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