quarta-feira, 20 de abril de 2016

GERAÇÃO ALPHA E O FUTURO DA EDUCAÇÃO


A chamada geração Alpha são as crianças que nasceram depois do ano 2010 – a mais nova geração deste século 21. O termo foi usado pela primeira vez pelo sociólogo australiano Mark McCrindle, em março de 2010, e seu nome tem origem na primeira letra do alfabeto grego, “α”.

A geração Alpha nasceu em um contexto global no qual as novas tecnologias estão bem mais desenvolvidas do que há dez anos. O uso dessas ferramentas tecnológicas, hoje, é diferente, os desafios ambientais são mais preocupantes e a quantidade de informações com as quais lidamos no dia a dia nunca foi tão grande.

“Acredito que o importante ao se falar da geração Alpha é iluminar a primeira infância, que é a fase mais importante da vida. Investir na primeira infância previne problemas em todas as esferas de uma sociedade”, diz Fernanda Furia, mestre em Psicologia de Crianças e Adolescentes pela University College London, de Londres, e fundadora do Playground da Inovação, consultoria de psicologia e educação.

As crianças da geração Alpha são muito curiosas, espertas e ligadas em tudo à sua volta; terão, provavelmente, o maior nível educacional de todas as gerações; começarão a estudar mais cedo; serão as primeiras a experimentar um novo sistema escolar, mais personalizado e híbrido (on-line e off-line), com foco na autonomia do aluno e no aprendizado, baseado em projetos para aprender por meio de situações do cotidiano; e vão deter o maior conhecimento tecnológico da história.

“Em pleno desenvolvimento, é precoce afirmar o que pensam, mas a tendência indica que sejam muito mais independentes que suas antecessoras e com habilidade de adaptação a novas tecnologias”, afirma a psicóloga Vanessa Vieira Beraldo. “A mobilidade da tecnologia atual também auxilia bombardearmos esta geração com cores e formas de educação em todos os lugares e momentos, gerando uma aceleração ainda maior no processo de desenvolvimento”, complementa.

Além disso, elas se relacionarão de forma menos hierárquica, serão desde cedo criadoras de conteúdo, de produtos e serviços, viverão em um mundo mais interconectado com a “internet das coisas” (próximo estágio da evolução digital, onde objetos do cotidiano estarão interconectados), realidade aumentada, tecnologia no corpo, impressora 3D/4D e terão produtos e serviços personalizados e sob medida.


“Tudo isso vai impactar a maneira de a geração Alpha consumir serviços, produtos e informação. Além de se refletir na forma como as pessoas se relacionarão entre elas e com as coisas”, avalia Fernanda Furia.

Para o neuropsiquiatra e psicoterapeuta Tabajara Dias de Andrade, diretor do Centro Latino-Americano de Desenvolvimento, de Campinas, o futuro dessas crianças também resultará em um novo mundo. “Em qualquer fase da nossa vida, somos o resultado de múltiplos fatores que nos determinam: carga genética, ambiente, estímulos e experiências, associados a algo fantástico e indescritível que é a nossa soberania e livre arbítrio, que fazem de cada pessoa um ser único”, afirma.

“Essas crianças nasceram em um mundo totalmente novo para elas – porque estão explorando tudo pela primeira vez – e também para nós – pois vivemos novidades e desestruturações surpreendentes. Muito inteligentes, elas operam equipamentos eletrônicos com uma facilidade incrível. O pensamento, moldado e estimulado por esta nova realidade, certamente trilhará caminhos diferentes dos vividos pelas gerações anteriores”, diz.



Matéria publicada na edição nº7 da Revista Tutores