segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

DEPENDÊNCIA DIGITAL CORRÓI A MEMÓRIA HUMANA

Dependência digital “corrói” a memória humana, diz estudo
Um novo estudo da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, afirmou que o excesso de confiança na utilização de computadores e motores de busca está enfraquecendo as memórias das pessoas.
Ou seja, o senso comum acabou de ganhar respaldo científico: usar computadores em vez de memorizar informações está nos deixando esquecidos.
 
Por exemplo, no estudo, muitos adultos que ainda podiam recordar os números de telefone da sua infância não conseguiam lembrar o número do seu trabalho atual ou o número do telefone de membros da família,
 
A pesquisa
Os hábitos de memória de 6.000 adultos no Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Espanha, Bélgica, Holanda e Luxemburgo foram analisados.
 
Mais de um terço recorria primeiro a computadores para recordar informações – especialmente no Reino Unido, onde mais de metade das pessoas pesquisavam online em busca de uma resposta primeiro.
 
O estudo sugere que depender de um computador desta forma tem um impacto a longo prazo no desenvolvimento de memórias, porque tais informações podem muitas vezes ser imediatamente esquecidas.
 
Cérebro não exercitado
“Nosso cérebro parece reforçar uma memória cada vez que lembramos dela, e ao mesmo tempo esquecer memórias irrelevantes que estão nos distraindo”, disse a autora do estudo, Maria Wimber.
 
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    O processo de recordar a informação é “uma maneira muito eficiente de criar uma memória permanente”, segundo a pesquisadora. “Em contraste, repetir passivamente informações, como repetidamente pesquisá-las na internet, não cria um traço de memória com duração sólida da mesma forma”.
     
    Memória humana? Não lembro
    Entre os adultos pesquisados no Reino Unido, 45% conseguiam lembrar o número de telefone da casa onde moraram aos 10 anos de idade, enquanto somente 29% conseguiam se lembrar dos números de telefone de seus próprios filhos, e 43% conseguiam lembrar o número do seu local de trabalho atual.
     
    A capacidade de lembrar o número de um parceiro romântico foi menor no Reino Unido do que em qualquer outro país europeu. 51% dos entrevistados no Reino Unido sabiam o número de telefone do seu parceiro, por exemplo, em comparação com quase 80% na Itália.
     
    Falsa sensação de segurança
    As pessoas se acostumaram a usar dispositivos tecnológicos como uma “extensão” do seu próprio cérebro. Logo, tem havido uma ascensão do que pode ser chamada de “amnésia digital”, em que as pessoas não se importam em esquecer informações importantes na crença de que tais informações podem ser imediatamente recuperadas em um dispositivo digital.
     
    Além do armazenamento de informações factuais, há uma tendência de manter memórias pessoais em formato digital também, como fotografias de momentos importantes. Se elas só existirem em um smartphone, há o risco de extingui-las se o dispositivo for perdido ou roubado, coisa que muitos não parecem levar em conta.
     
    BBC

    MOLÉCULAS SE TRANSFORMANDO EM MEMÓRIA


    Pesquisadores da Universidade Yeshiva (Nova York, EUA) realizaram um feito inédito: acompanharam moléculas viajando em tempo real nos neurônios vivos de ratos para estudar como o cérebro cria memórias.
     
    O esforço para descobrir como os neurônios criam memórias há muito tempo enfrenta um grande obstáculo: neurônios são extremamente sensíveis a qualquer tipo de interrupção. Para analisá-los profundamente sem prejudicá-los, os pesquisadores “etiquetaram” com fluorescência todas as moléculas do RNA mensageiro (mRNA) que codificam proteínas beta-actina – uma proteína estrutural essencial encontrada em grandes quantidades nos neurônios e considerada chave no processo de memorização.
     
    “É digno de nota que fomos capazes de desenvolver este rato sem ter que usar um gene artificial ou outras intervenções que poderiam ter interrompido seus neurônios e questionado nossos resultados”, disse Robert Singer, autor sênior do estudo e professor e copresidente do departamento de anatomia e biologia estrutural do Colégio de Medicina Albert Einstein da Universidade Yeshiva. Os animais permaneceram saudáveis e capazes de se reproduzir.
     
    Na pesquisa descrita em dois artigos publicados na revista Science, os pesquisadores estimularam neurônios do hipocampo de ratos, onde as memórias são feitas e armazenadas, e depois assistiram moléculas fluorescentes se formarem nos núcleos de neurônios e viajarem dentro dos dendritos, ramificações dos neurônios.
     
    Eles descobriram que o mRNA em neurônios é regulado por meio de um processo descrito como “mascaramento” e “desmascaramento”, que permite que a proteína beta-actina seja sintetizada em horários, quantidades e locais específicos.
     
    Os neurônios se unem nas sinapses, onde “espinhas dendríticas” agarraram umas às outras, assim como os dedos de uma mão podem se entrelaçar com os da outra. Evidências indicam que a estimulação neural repetida aumenta a resistência dessas ligações sinápticas, alterando a forma destes “dedos”.
     
    A proteína beta-actina parece fortalecer essas conexões sinápticas, alterando a forma das espinhas dendríticas. Os cientistas pensam que as memórias são codificadas quando conexões sinápticas estáveis de longa duração entre os neurônios entram em contato umas com as outras.
     
    O estudo
    O primeiro artigo descreve o trabalho de Hye Yoon Park, estudante de pós-doutorado no laboratório do Dr. Singer que passou três anos desenvolvendo os mRNA fluorescentes.
     
    Ela estimulou neurônios do hipocampo de ratos e observou moléculas recém-formadas dentro de 10 a 15 minutos, indicando que a estimulação do nervo tinha causado transcrição rápida do gene da beta-actina. Outras observações sugeriram que estas moléculas continuamente montavam-se e desmontavam-se em partículas grandes e pequenas, respectivamente. Estas partículas de mRNA foram vistas viajando para seus destinos em dendritos onde a proteína beta-actina seria sintetizada.
     
    No segundo artigo, a estudante do mesmo laboratório Adina Buxbaum mostrou que os neurônios podem ser únicos na sua maneira de controlar a síntese da proteína beta-actina. Ela estimulou neurônios do hipocampo de ratos e observou moléculas recém-formadas dentro de 10 a 15 minutos, indicando que a estimulação do nervo tinha causado transcrição rápida do gene da beta-actina. Outras observações sugeriram que estas moléculas continuamente montavam-se e desmontavam-se em partículas grandes e pequenas, respectivamente. Estas partículas de mRNA foram vistas viajando para seus destinos em dendritos onde a proteína beta-actina seria sintetizada.
     
    No segundo artigo, a estudante do mesmo laboratório Adina Buxbaum mostrou que os neurônios podem ser únicos na sua maneira de controlar a síntese da proteína beta-actina.
     
    Os neurônios precisam controlar seu mRNA para que ele crie proteína beta-actina apenas em certas regiões na base das espinhas dendríticas. A pesquisa de Buxbaum revelou o mecanismo pelo qual os neurônios lidam com este desafio.
     
    Ela descobriu que, logo que moléculas de mRNA de beta-actina se formam no núcleo de neurônios do hipocampo e viajam para o citoplasma, os mRNAs são embalados em grânulos e assim tornam-se inacessíveis para a produção de proteína. A estudante então percebeu que estimular o neurônio fez com que esses grânulos desmoronassem, e moléculas de mRNA ficassem “desmascaradas” e disponíveis para a síntese de proteína beta-actina.
     
    Mas essa observação levantou uma questão: como é que os neurônios evitam que mRNAs recém-liberados façam mais proteína beta-actina do que é desejável?
    A disponibilidade de mRNA em neurônios é um fenômeno transitório. Após as moléculas de mRNA produzirem proteína por alguns minutos, elas se “reembalam” e voltar a ser “mascaradas”.
     
    Estes resultados sugerem que os neurônios têm desenvolvido uma estratégia engenhosa para controlar como as proteínas de memória fazem o seu trabalho.
     
    “Esta observação de que os neurônios ativam seletivamente a síntese de proteínas e, em seguida, a desligam se encaixa perfeitamente com a forma como pensamos que as memórias são feitas”, disse Singer. “A estimulação frequente do neurônio torna o mRNA disponível em explosões controladas, fazendo com que a proteína beta-actina se acumule precisamente onde é necessária para fortalecer a sinapse”.
     
    MedicalXpress