sábado, 1 de dezembro de 2012

LIMITE DA EXPOSIÇÃO DAS CRIANÇAS NA INTERNET

Que pais resistem à deliciosa tentação de sacar da carteira uma foto do filho para exibir toda a graça e a felicidade que o fofucho proporciona? Desde que o mundo é mundo, seja em miniaturas a óleo dentro do camafeu a retratos em preto e branco, é impossível negar o orgulho da descendência e o impulso de despertar o elogio alheio — até porque, ai de quem reagir a uma imagem do pimpolho dizendo “mas que criança feia”. Todo bebê é lindo e ficou estabelecido que é a cara do pai, com leves traços da mãe.

Mas, em tempos de Facebook, Instagram e celular, para que carregar mais um papel impresso na bolsa? Estão lá, ao escrutínio dos amigos virtuais, todos os passos, sorrisos, dentinhos e roupinhas dos pequenos — alguns nem bem saídos da maternidade. Uma amiga se disse outro dia chocada com o álbum virtual de fotografias de uma conhecida na sala de parto, com direito, sobretudo, a posições ginecológicas. E claro que o filme do parto também estava lá, incluindo a trilha sonora e os efeitos especiais feitos por uma empresa especializada em criar sites para divulgação do parto.

Temos, adultos, a faculdade de estar ou não numa rede social. O direito de querer, ou não, ter um perfil aqui e ali, controlando aquilo que desejamos postar. Como não conhecemos claramente as regras de armazenagem de nossas fotos nos provedores desse mega auto-Big Brother, desenvolvemos um filtro intuitivo que nos impede de colocar uma foto comprometedora, esteticamente desfavorável ou da qual poderemos nos arrepender no futuro. Também gozamos da liberdade de deletar um registro do namoro que já terminou ou de uma imagem que merece ser esquecida.

Mas não no Facebook alheio. Nele, ajoelhou, tem que rezar. Se a pessoa não quiser apagar a foto, mesmo diante de repetidas súplicas, não haverá Cristo que consiga dissuadi-la. Para não ser vítima de uma foto indesejada, é preciso não posar para ela e conviver com o estigma da antipatia. Ainda assim, existe o poder da escolha, a faculdade que nos diferencia das outras espécies — e viva ela.

Um bebezinho não tem o poder de dizer sim ou não, e essa geração recém-nascida ainda não sabe o que a aguarda. Pensei nisso diante do novo fenômeno da web, os baby bloggers, bebês que “assinam” blogs de estilo e gracinhas mantidos pelos próprios pais. É o caso do Tiny Times, de uma mãe inglesa que registra a mínima caretinha e gargalhada do filho de dois anos a bordo de roupa.

Ao contrário das inúmeras blogueiras de moda que vêm ganhando rios de dinheiro com esse negócio, o pequeno faz propaganda fashion sem faturar um tostão. Mas já existem empresas de olho nele, devido ao sucesso da empreitada. Ele foi até convidado para a primeira fila do desfile da semana de moda da Austrália, onde vive mamãe.

Já há paparazzi nas ruas das grandes capitais fashion do planeta especializados em capturar imagens de bebês estilosos para sites como o Hide and Ho, o Children with Swang e o Planet Awesome Kid, o pioneiro do gênero, com milhões de visitantes em busca de inspiração para vestir suas crianças no último grito da moda. Não por acaso, a maioria das grifes de luxo está lançando linhas infantis, de olho no crescimento de 8,5% do mercado.

Será que, assim que se derem conta da própria aparência (o que acontece, em geral, a partir dos 3 anos), essas crianças não desenvolverão uma sufocante angústia de parecer eternamente bonitas para agradar aos pais? Ou a fobia de exposição que, até o advento das redes sociais, era “privilégio” dos filhos de celebridades? Ou pior: uma irresistível atração pelas câmeras e pela autopromoção para se sentirem amadas e cortejadas?

Postar uma ou outra foto do bebê na rede é bem compreensível; quase o mesmo impulso que nos leva a sacar o retrato da carteira. O problema, como sempre, é o exagero. Ao tentar fazer do filho uma isca de curtidas e comentários positivos nas redes sociais, os pais lhe negam o direito ao anonimato e à discrição. É em casos como esses que dou valor ao bom e velho álbum de papel, que desenterramos do fundo do armário, por vontade própria, para recuperar as lembranças que não temos dos tempos em que dormíamos candidamente no berço protegidos por papai e mamãe — sem que um flash estivesse à nossa espreita a todo instante.

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CRITICAS A ESCOLAS UNEM BLOGUEIRAS MIRINS DO BRASIL E ESCÓCIA

Embora uma esteja em Argyll, na Escócia, e a outra em Florianópolis, no Brasil, as meninas Martha Payne, de 9 anos, e Isadora Faber, de 13, têm muito em comum. Tímidas, porém questionadoras, as duas sonham em ser jornalistas e chamaram a atenção da mídia ao criticar as escolas onde estudam em blogs na internet, cobrando das autoridades soluções para os problemas.

A convite da BBC Brasil, as duas blogueiras-mirins trocaram vídeos contando mais sobre a experiência pessoal de cada uma. Martha ficou feliz em saber que serviu de inspiração para Isadora.

"Bom trabalho! Aposto que você também vai inspirar muitas outras crianças ao redor mundo!", disse a escocesa no vídeo.

Ainda no final de abril, a escocesa criou o blog "Never Seconds" (Nunca Repetir o Prato, em tradução livre), criticando a pouca quantidade e baixa qualidade da merenda em sua escola. Além de apontar que alguns alimentos não eram saudáveis, Martha dizia que muitas vezes chegava em casa ainda com fome.

Na época, a BBC Brasil entrevistou o pai da menina, Dave Payne, trazendo a história para o público brasileiro. Na capital de Santa Catarina, Eduarda Faber, de 15 anos, leu a reportagem na internet e mostrou para a irmã mais nova.

Conhecida na família por seu lema "tacar o horror", Isadora, que desde muito antes já dizia que pretende trabalhar como repórter, se inspirou pela ideia e logo enxergou a possibilidade de expandir o projeto.

"Se ela falou das merendas e deu resultado, vou falar também de outras coisas, porque minha escola tem mais problemas", foi a reação da garota, relembra a mãe, Mel Farber.

Por ser mais nova, Martha divulgou as fotos das merendas em um blog montado e mantido com a ajuda do pai. Já a pré-adolescente brasileira criou sozinha a página "Diário de Classe: A Verdade" no Facebook, com fotos de bebedouros e ventiladores quebrados, uma quadra sem cobertura e até um pedido para que um professor fosse substituído.

"Estamos no Brasil, as coisas podem ser mais difíceis", aconselhou a mãe. "Mas mesmo assim ela embarcou na ideia e seguiu firme", conta.

Isadora viu a notícia sobre o blog de Martha e teve a ideia para a página no Facebook

Dias depois, após sites de notícias, jornais e programas de TV darem destaque ao assunto, o governo local anunciou a troca do professor e uma série de reformas foram iniciadas na escola.

Como boa jornalista, Isadora está de olho e vem postando fotos das obras que incluiem pintura da escola, novos banheiros, instalação de novas portas e até de um telefone público novo.

O blog da escocesa Martha foi lido por quase 8 milhões de pessoas em quatro meses e a página da brasileira Isadora no Facebook, em pouco mais de um mês já conquistou quase 200 mil seguidores.

Martha também conseguiu o que queria. Seu blog virou notícia não só na Grã-Bretanha mas em diversos países, e sobretudo nos Estados Unidos e na Austrália, muitas crianças copiaram a ideia.

"Sei que também há projetos semelhantes na França, Alemanha e na Nova Zelândia", diz Dave. "Mas a grande maioria foca no assunto das merendas. A página da Isadora é a primeira a tratar de tantos assuntos, em um lugar tão longe, e sem dúvida é a que rendeu mais repercussão até agora", acrescenta o pai da menina.

Tanto a escocesa como a brasileira, no entanto, tiveram que manter-se firmes diante de represálias dentro e fora da escola. "Os professores apoiavam, mas o conselho de educação da região não gostou e acabou retaliando", diz Dave. Em junho, o conselho de Argyll decidiu que a menina não poderia mais postar fotos de merendas em seu blog e proibiu os professores de comentarem o assunto em sala de aula.

"É difícil, porque o governo é muito maior do que nós. Ela se assustou, mas logo expliquei que os adultos ficaram bravos porque estavam com muita vergonha", explica o escocês.

Em Florianópolis, professores, coordenadores, a diretora e até as merendeiras da escola quiseram impedir Isadora de continuar com as críticas. "Puxavam o prato da mão dela na hora da merenda. Foi sério. Ela sofreu repressão mesmo e ainda não terminou, porque a reforma da escola está na metade. Mesmo assim ela nunca faltou à aula", diz Mel.

A página da catarinense entrou no ar no dia 13 de julho, mas só ganhou repercussão nacional nesta semana.

"Tive até que me afastar do trabalho. Ela tem dado entrevistas todos os dias, para jornal, portais, telejornais. Não posso deixá-la sozinha", diz a mãe da catarinense.

Além das críticas às merendas, o blog de Martha lançou uma campanha para arrecadar fundos para a Mary’s Meal, uma entidade de caridade que entrega alimentos a escolas na África.

Em quatro meses ela arrecadou 114 mil libras (R$ 370 mil), e no fim de setembro irá ao Malawi, um dos países mais pobres do continente africano, para acompanhar os programas beneficentes.

Dave adiantou à BBC Brasil que ele e Martha estão escrevendo um livro sobre o blog, os bastidores, e como o projeto foi recebido pelo conselho de educação e por crianças ao redor do mundo. Com previsão de lançamento para o Natal, o livro se chamará "Never Seconds".

"O contato entre Martha e Isadora certamente será um dos pontos altos do livro", diz Dave. "Precisamos comemorar o que estas duas meninas estão fazendo. O mais bacana é que não há política para as crianças. Elas veem o mundo real, e é ótimo vê-las sendo ouvidas. Elas não têm medo de errar. Os adultos desistem muito fácil".

BBC do Brasil

CIENTISTAS ANALISAM CÉREBROS DE MÉDIUNS DURANTE PSICOGRAFIA


Psicografia científica
Cientistas brasileiros e norte-americanos usaram as mais modernas técnicas de neuroimagens para analisar o cérebro de médiuns brasileiros.

Os estudos foram feitos durante sessões de psicografia, uma forma de comunicação em que o espírito de uma pessoa já falecida escreve por meio das mãos do médium.

A nova pesquisa revelou resultados intrigantes da atividade cerebral, como um estado descrito pelos cientistas como "dissociativo".

Os médiuns mais experientes apresentaram uma redução na atividade cerebral, apesar do complexo conteúdo escrito produzido por eles. Os resultados foram publicados na revista científica PLOS ONE.

Ciência e mediunidade
"Já se sabe que as experiências espirituais afetam a atividade cerebral. Mas a resposta cerebral à mediunidade, a prática de supostamente estabelecer comunicação ou ser controlado por uma pessoa já falecida, tem recebido pouca atenção científica," disse Andrew Newberg, da Universidade Thomas Jefferson (EUA), que coordenou o estudo.

Segundo ele, a partir destas primeiras constatações, novos estudos sobre o assunto deverão começar a ser feitos.

Foram analisados 10 médiuns, cinco deles classificados como "experientes" e cinco como "menos experientes".

Todos receberam uma injeção de um marcador radioativo (radiofármaco) para capturar sua atividade cerebral durante processos normais de escrita e durante a prática da psicografia, que envolve um estado similar ao transe.

Os médiuns foram analisados usando um exame chamado SPECT (single photon emission computed tomography, tomografia computadorizada por emissão de fóton único), que é capaz de registrar as áreas ativas e as áreas inativas do cérebro a cada momento.

Transe mediúnico
O estudo mostrou que os psicografistas experientes apresentaram menores níveis de atividade no hipocampo esquerdo (sistema límbico), giro temporal superior direito e regiões do lobo frontal do cingulado anterior esquerdo e giro precentral direito durante a psicografia, em comparação com sua escrita normal, fora do transe mediúnico.

As áreas do lobo frontal estão associadas com o planejamento, raciocínio, produção da linguagem, movimento e resolução de problemas.

Os cientistas levantam a hipótese de que isto reflete, durante o transe mediúnico, uma ausência de foco, autopercepção e consciência durante a psicografia.

Já os médiuns menos experientes apresentaram exatamente o efeito oposto, o que os cientistas sugerem estar associado ao maior esforço que eles fazem para executar a psicografia.

Avaliação neurocientífica da mediunidade
Os textos psicografados foram analisados pelos cientistas, que verificaram que os textos produzidos durante o transe mediúnico apresentaram complexidades maiores do que aqueles produzidos espontaneamente pelo próprio médium para referência, que não eram oriundos de psicografia.

Em particular, os médiuns mais experientes produziram textos com maiores pontuações no quesito complexidade, que normalmente exigiriam mais atividade no córtex frontal e temporal - exatamente o oposto do que os exames verificaram.

O conteúdo produzido durante as psicografias versava sobre princípios éticos, a importância da espiritualidade, e a aproximação entre ciência e espiritualidade.

"Esta que é a primeira avaliação neurocientífica já realizada dos estados de transe mediúnico revela alguns dados interessantes para melhorar a nossa compreensão da mente e sua relação com o cérebro. Estas descobertas merecem estudos mais aprofundados, tanto em termos de replicação quanto de hipóteses explicativas," concluiu o Dr. Newberg.

O estudo foi orientado pelo Dr. Newberg e contou com a participação dos brasileiros Julio Fernando Peres (Universidade da Pensilvânia), Alexander Moreira Almeida e Leonardo Caixeta (Universidade Federal de Juiz de Fora) e Frederico Leão (Universidade de São Paulo).

Site Diário da Saúde