domingo, 24 de fevereiro de 2013

FUTUROS MÉDICOS QUEREM APRENDER MAIS SOBRE TERAPIAS ALTERNATIVAS E COMPLEMENTARES

Três em cada quatro estudantes de medicina acreditam que a medicina ocidental tradicional pode se beneficiar com a integração das terapias e das práticas das medicinas complementar e alternativa [Wikimedia/Yihungkuo]

Confiança as terapias alternativa
Na maior pesquisa sobre o assunto feita até hoje, pesquisadores da Universidade 
da Califórnia, nos Estados Unidos, levantaram as atitudes e a confiança que os estudantes de medicina têm em relação à Medicina Complementar e à Medicina Alternativa.

Eles descobriram que três em cada quatro estudantes de medicina acreditam que 
a medicina ocidental tradicional pode se beneficiar com a integração das terapias 
e das práticas das medicinas complementar e alternativa (MCA - Medicina Complementar e Alternativa).

Fenômeno global 
"A Medicina Complementar e a Medicina Alternativa estão recebendo cada vez mais atenção em função da crise global de saúde e do papel significativo da medicina em suprir as necessidades de saúde pública nos países em desenvolvimento", afirma o Dr. Ryan Abbott, um dos autores do estudo.

"A integração das MCA nos cuidados da saúde é hoje um fenômeno global, com os tomadores de decisões políticas de mais alto nível endossando a importância de uma forma historicamente marginalizada de cuidar da saúde," acrescenta ele.

Medicina Complementar e Medicina Alternativa 
A MCA, que inclui terapias como massagens, ioga, acupuntura, fitoterapia e várias outras práticas, muitas herdadas da tradição oriental da medicina, é caracterizada por uma abordagem holística e altamente individualizada para o atendimento ao paciente.

Segundo os pesquisadores, o que diferencia as práticas médicas conhecidas como Medicina Alternativa e Medicina Complementar é a ênfase: na maximização da capacidade natural do corpo para se curar; no envolvimento dos pacientes como participantes ativos nos cuidados da própria saúde; na abordagem dos aspectos físicos, mentais e espirituais da doença; e nos cuidados preventivos.

Terapias alternativas nos cursos de Medicina 
Embora o interesse nestas áreas venha aumentando dramaticamente nos últimos anos, as informações sobre essas terapias ainda não são integradas de forma mais ampla no ensino médico.

"Mesmo com a alta prevalência de uso das MCAs hoje, a maioria dos médicos ainda sabe muito pouco sobre as formas não-convencionais de medicina", diz o Dr. Michael S. Goldstein, coautor do estudo. "Investigar as atitudes e o conhecimento dos estudantes de medicina sobre o assunto vai nos ajudar a avaliar se isso pode mudar no futuro."

Os pesquisadores descobriram que, embora os estudantes de medicina endossem a importância da medicina complementar e alternativa, ainda existem obstáculos que podem impedir os futuros médicos de recomendar estes tratamentos aos seus pacientes.

O que os estudantes de medicina acham das terapias alternativas Veja os principais resultados da pesquisa:

77 por cento dos participantes 
concordaram em certa medida que os pacientes cujos médicos sabem sobre a medicina complementar e alternativa, além da medicina convencional, beneficiam-se mais do que aqueles cujos médicos só estão familiarizados com a medicina ocidental.

74 por cento dos participantes 
concordaram em alguma medida que um sistema de medicina que integre terapias 
da medicina convencional, complementar e alternativa, seria mais eficaz do que qualquer uma dessas abordagens oferecida de forma independente.

84 por cento dos participantes 
concordaram em certa medida que o campo contém crenças, pontos de vistas, ideias e terapias das quais a medicina convencional poderia se beneficiar.

49 por cento dos estudantes de medicina 
afirmaram que eles próprios já usaram tratamentos complementares e alternativos; no entanto, poucos recomendariam a utilização destes tratamentos na sua prática médica até que mais uma melhor avaliação científica de cada procedimento tenha sido feita.

Terapias alternativas no currículo de Medicina 
Embora mais da metade de todas as escolas de medicina dos Estados Unidos atualmente ofereça algum tipo de curso enquadrado dentro das MCA, os pesquisadores afirmam que estes cursos podem ser ampliados ou incorporados 
no currículo formal e padronizado do curso de Medicina.

Redação do Diário da Saúde

MÚSICA SINCRONIZA CÉREBROS E CRIA REDE INTERCEREBRAL

Os cientistas identificaram redes intercerebrais,
que fazem com que as mesmas partes do cérebro
dos dois músicos funcionem em sincronia perfeita
Johanna Sänger/MPI for Human Development

Dueto cerebral Quem já tocou em uma orquestra está familiarizado com o fenômeno: o impulso para suas próprias ações parece vir não de sua própria mente de forma isolada, mas parece ser controlado pela atividade coordenada do grupo.

E, de fato, quando duas pessoas tocam juntas, formam-se "redes intercerebrais", que conectam os dois cérebros para que ambos funcionem como uma única rede "diencefálica".

Isto acaba de ser demonstrado por cientistas do Instituto Max Planck para o Desenvolvimento Humano, em Berlim (Alemanha).

Os cientistas usaram eletrodos para monitorar as ondas cerebrais de guitarristas tocando em duetos.

Eles também observaram diferenças significativas na atividade cerebral dos músicos, dependendo de se os músicos lideravam a dupla ou acompanhavam a música tocada pelo seu companheiro.

Música conecta cérebros Quando os guitarristas tocam em dueto, a atividade de suas ondas cerebrais se sincroniza - isso foi descoberto em 2009 pela mesma equipe.

Mas agora os cientistas alemães foram um pouco mais longe do que isso.

Seu objetivo era descobrir se a sincronização das ondas cerebrais ainda ocorreria quando dois guitarristas não estão tocando exatamente as mesmas notas.

Isso seria incompatível com a hipótese corrente de que as similaridades na atividade cerebral entre os dois guitarristas devem-se inteiramente à percepção dos mesmos estímulos ou à realização dos mesmos movimentos.

E a hipótese de fato caiu por terra, sugerindo algo muito mais espetacular: a de que os dois cérebros se sincronizam para dar suporte à coordenação interpessoal da ação a ser empreendida, ou seja, tocar a música.

Ondas delta A diferença entre o líder e o acompanhante também se refletiu na atividade elétrica captada pelos eletrodos.

"No músico que liderava, a sincronização das ondas cerebrais medida em um único eletrodo foi mais forte, e já estava presente antes que o dueto começasse a tocar," conta Johanna Sänger, idealizadora do estudo.

Isto foi particularmente verdadeiro para as ondas delta, que se situam na faixa de frequências abaixo dos quatro Hertz. "Isso pode ser um reflexo da decisão do líder para começar a tocar," sugere Sänger.

Rede entre cérebros diferentes Os cientistas também analisaram a coerência entre os sinais dos diferentes eletrodos ligados à cabeça dos músicos.

O resultado foi notável: Quando os músicos tiveram que coordenar ativamente a forma como tocavam, o que acontece principalmente no início de uma sequência, os sinais dos eletrodos frontais e central ficaram claramente associados - não apenas na cabeça de um dos músicos, mas igualmente entre as cabeças dos dois parceiros.

"Quando as pessoas coordenam as ações uma com a outra, formam-se pequenas redes dentro do cérebro e, notavelmente, entre os cérebros, em especial quando as atividades devem ser precisamente alinhadas no tempo, por exemplo, no início de uma peça," diz Johanna Sanger.

Os dados indicam, assim, que as "redes diencéfalo" - ou redes entre cérebros - conectam áreas de ambos os cérebros associadas com a cognição social e com a produção musical.

Sincronia interpessoal E os cientistas acreditam que essas redes intercerebrais não ocorram apenas durante a execução de músicas.

"Nós assumimos que as ondas cerebrais de pessoas diferentes também se sincronizam quando as pessoas coordenam suas ações de outras maneiras, como durante a prática de esportes, ou quando elas se comunicam uma com a outra," diz Sänger.

Redação do Diário da Saúde

MÚSICA PLAYLIST ADEQUADA PARA CAMINHAR E CORRER

Marcelo Bigliassi elaborou uma playlist com as músicas adequadas para as diferentes atividades físicas. "A playlist foi montada de acordo com o bpm das músicas e o meu gosto musical", explica.

Caminhada
Aerosmith - Dream On
Pearl Jam - Just Breathe
The Doors - Riders on the Storm
Scorpions - Dust in the Wind
Led Zeppelin - Starway to Heaven
Animals - House of the Rising Sun
Metallica - On

Corrida moderada
Deep Purple - Smoke on the Water
Pearl Jam - Black
Pink Floyd - Wish You Were Here
Eric Clapton - Layla
Eagles - Hotel California
Whitesnake - Here I Go Again
Jimi Hendrix - Hey Joe

Corrida rápida
Black Sabbath - Paranoid
System of a Down - Chop Suey
Creedence Clearwater Revival - Fortunate Son
Iron Maiden - The Trooper
Enter Sandman - Metallica
AC/DC - Thunderstruck
AC/DC - Back in Black

UOL Notícias

MÚSICA AFETA DESEMPENHO NO TREINO

Quem deseja otimizar o treino não precisa apenas investir em roupas mais leves e tênis adequados. A playlist que você escuta enquanto malha, corre ou caminha afeta, e muito, seu desempenho. Portanto, ela deve ser montada levando em consideração qual exercício você realizará e o bpm (batimento por minuto) de cada canção. É o que aponta o estudo de Marcelo Bigliassi, publicado na Revista Brasileira de Psicologia do Esporte.

Mas para montar uma listagem com músicas adequadas para a atividade é preciso selecionar as canções levando em consideração o gosto pessoal e o quanto a canção é motivadora. "A pessoa deve escolher uma música que ela se sinta confortável ouvindo e, caso ela não tenha como medir o bpm e avaliar se é uma boa escolha, o ideal é que ela tenha pelo menos o batimento próximo da sequência de passadas que ela dá", recomenda Bigliassi.

Não existe nenhum estilo musical proibido para se ouvir durante os treinos. Bigliassi indica acrescentar na listagem músicas que lembrem alguma recordação boa e revigorante. "É uma música que assim que começa a tocar estimula e dá um gás para que a pessoa continue fazendo a atividade", determina.

Ouvir música durante a prática de atividades é recomendado com base em estudos de processamento paralelo. "À medida que a pessoa faz um exercício ela foca mais no que escuta do que nas pequenas dores e no cansaço que a atividade traz", revela.

Músicas de caráter inspirador também podem ajudar a dar um ânimo para levantar do sofá e ir para a academia. "A Eye of The Tiger, trilha do filme Rocky Balboa, por exemplo, já foi alvo de diversos estudos, pois ela passa uma mensagem positiva e quando usada antes de praticar uma atividade apresenta melhorias nessa atividade", explica.

Medir o bpm Diversos aplicativos podem ser baixados na internet para identificar qual o batimento por minuto de uma canção, mas ainda assim mostrar a lista ao professor de Educação Física é uma das melhores opções. "A pessoa deve procurar um profissional com conhecimento para se certificar se as músicas escolhidas são adequadas ao treino que ele realiza", destaca ele.

Uma música ideal para uma corrida de maior intensidade deve ter, em média, uma variação de 120 a 145 bpm. Já uma caminhada moderada, entre 115 e 125, enquanto uma caminhada leve deve ter até 100 bpm.

Ainda que escutar uma música com o bpm incorreto para atividade física possa afetar o treino, ela não traz nenhum tipo de prejuízo para o corpo. "Mas nem sempre ouvir uma música dessas é ruim, pois durante uma atividade a pessoa pode usar uma música não sincronizada, mas ter os batimentos cardíacos aumentados por essa canção ser motivacional e aumentar a ativação para a tarefa", pondera o autor do estudo.

Músicas diferentes para cada treino Para quem treina musculação, mas não deixa o treino aeróbio de lado, o ideal é separar os treinos em duas playlists, pois cada exercício tem uma execução rítmica diferente. "A corrida tem uma batida, enquanto a musculação tem outra. Quando a pessoa está fazendo um treino de hipertrofia, uma música muito rápida sai da pulsação rítmica do próprio exercício e isso não é adequado", destaca Carlos Hernan Guerrero Santana, membro do Conselho de Educação Física de SP.

Bigliassi indica músicas motivacionais para os treinos de musculação. "É muito difícil sincronizar uma música com as repetições de cada exercício, teria que colocar uma canção muito lenta e o caráter motivacional fica perdido", alerta.

Para quem costuma fazer um treino de alongamento antes de iniciar outras atividades, essa playlist também deve ser composta de músicas diferentes e mais calmas

Playlists prontas O iTunes, reprodutor de áudio desenvolvido pela Apple, dispõe de diversas playlists que podem ser baixadas para a prática de diferentes tipos de exercícios. No entanto, Bigliassi alerta que as músicas selecionadas nem sempre têm a mesma qualidade motivacional para cada um. "Não existe uma única canção que motive a todos. É uma escolha muito pessoal", explica.

Além disso, existe a questão da sincronização dos movimentos. "A música proposta pode oferecer uma intensidade diferente, pois mesmo que eles tenham elaborado a listagem pensando numa frequência de passadas média, isso varia de pessoa para pessoa”, define.

UOL Notícias

PENSAR NO FUTURO OU NO PASSADO NOS MOVE DE VERDADE

Os pesquisadores fizeram os voluntários entrarem em uma viagem do tempo imaginária. Mas os movimentos não foram imaginários.[Imagem: Wikimedia]

Percepção do espaço e do tempo Embora tecnicamente não possamos viajar no tempo, pelo menos não ainda, quando pensamos no passado ou no futuro fazemos uma espécie de viagem mental no tempo.  

Esta capacidade exclusivamente humana de viajar psicologicamente através do tempo sem dúvida nos diferencia de outras espécies.

Agora, pesquisadores analisaram como a viagem mental no tempo é representada no sistema sensório-motor que regula o movimento humano.  

Os resultados mostram que as nossas percepções do espaço e do tempo estão intimamente ligados.  

Viagem no tempo virtual  Einstein já nos garantiu há muito tempo que espaço e tempo não são separados, mas uma entidade única que ele chamou de espaço tempo.  

Os psicólogos Lynden Miles, Louise Nind e Neil Macrae, da Universidade de Aberdeen, no Reino Unido, fizeram um estudo para medir isso em laboratório.  

Eles equiparam os participantes da pesquisa com um sensor de movimento, enquanto estes imaginavam eventos passados ou futuros.  

Os pesquisadores descobriram que pensar sobre eventos passados ou futuros pode literalmente mover-nos, fisicamente. A "direção" dos pensamentos - passado ou futuro - foi detectada pelos sensores de movimento.  

Cronestesia As medições mostram que engajar-se em uma viagem mental no tempo (também conhecida como cronestesia) resultou em movimentos físicos correspondentes ao sentido metafórico do tempo.

Aqueles pensavam no passado balançavam para trás, enquanto aqueles que pensavam no futuro moveram-se para a frente.

Estes resultados, publicados na revista Psychological Science, sugerem que a cronestesia pode ser baseada em processos que ligam as metáforas espaciais e temporais (por exemplo, o futuro = para a frente, passado = para trás) com os nossos sistemas de percepção e de ação.

"A incorporação do tempo e do espaço representa um marcador comportamental claro de uma operação mental, por todos os outros meios totalmente invisível", explicam os pesquisadores.

Diario da Saúde

DESENHOS INDUSTRIAIS EM CAD FEITOS COM OS OLHOS

Segundo seus criadores, a nova tecnologia de rastreamento dos olhos "quebra as rígidas distinções entre o humano e a máquina". [Imagem: Design Vision/Site Inovação Tecnológica]
Se você acha que o mouse, as interfaces hápticas ou mesmo a velha linha de comando restringe sua criatividade ao fazer um projeto CAD, a solução acaba de chegar.
Pesquisadores desenvolveram um sistema gratuito que permite que os projetos e desenhos industriais sejam feitos com os olhos.
Limites à criatividade Os projetos auxiliados por computador, mais conhecidos como CAD (computer-aided design), vieram facilitar o trabalho dos desenhistas, aumentar sua produtividade e melhorar a qualidade dos projetos.

É claro que os programas de computador têm suas limitações, que são impostas aos desenhistas, eventualmente limitando em alguma medida sua liberdade de trabalhar.

E, em uma área cujo centro de atuação é a criatividade, o que um profissional menos quer é uma limitação à sua criatividade, por mais sutil que seja.

Segundo seus criadores, a nova tecnologia de rastreamento dos olhos "quebra as rígidas distinções entre o humano e a máquina".

Interface mais fluida  "O sistema de rastreamento dos olhos identifica a parte do rascunho em que o usuário está se concentrando, tornando a interface homem-máquina mais fluida. O resultado é uma sinergia entre a ingenuidade humana e a tecnologia digital das máquinas," apregoa o professor Steve Garner, da Universidade Aberta (The Open University).

Entusiasmos à parte, é fato que a criatividade sempre foi um elemento fundamental para o processo de design. E a nova interface representa um avanço real justamente na liberação da criatividade.

"Nós queremos criar sistemas de desenho digital que sejam eles próprios projetados em resposta às necessidades de projetistas reais," completa Alison McKay, da Universidade de Leeds.

Os pesquisadores afirmam que são saudosistas tentando voltar à época das pranchetas - mas não é porque a tecnologia digital é boa que ela não precise ser melhorada, afirmam.

Ícones, janelas, menus - Quando a informática vai evoluir?

CAD com os olhos Em seu projeto Designing with Vision (projetando com a visão), os pesquisadores se concentraram no estágio inicial do processo de design, que envolve desenhar, visualizar, selecionar e manipular formas.

Designers que trabalham com formas tendem a começar intuitivamente em determinadas áreas dos esboços, usando-as como ponto de partida.

No entanto, este elemento de seleção subconsciente é difícil de replicar com o CAD, porque o pacote de software não é capaz de "ver" aquilo no que o projetista está prestando atenção.

Para reverter este quadro, os pesquisadores adicionaram uma tecnologia de rastreamento ocular a um sistema CAD, dando à tecnologia digital uma maior fluidez na interface homem-máquina.

O resultado é um sistema de desenho que pode identificar e selecionar formas automaticamente dentro de um esboço, de acordo com o olhar do designer, e sem perder nenhuma das ferramentas tradicionais do pacote de software.

A primeira versão do sistema está sendo disponibilizada gratuitamente no site do projeto, no endereço http://design.open.ac.uk/DV/

Site Inovação Tecnológica

RASTREAMENTO DOS OLHOS INAUGURA ERA PÓS MOUSE


O equipamento usado já tem as dimensões usuais das câmeras incorporadas em notebooks e tablets.[Imagem: Fujitsu]
 
Interface com os olhos Quando você deseja saber qual é a função de um ícone ou botão de um programa, basta passar o mouse sobre ele para que a informação surja rapidamente na tela.
 
Mas que tal se bastasse que você passasse os olhos sobre o local de interesse?
 
As possibilidades abertas por essa tecnologia já foram largamente demonstradas em laboratório, e impressionam sobretudo nos ambientes virtuais, incluindo jogos de todos os tipos e simuladores virtuais.
 
Mas o alcance é maior, podendo mudar radicalmente as interfaces de programas de computador, fazendo-as ir muito além do mouse e das telas sensíveis ao toque.
 
Sobretudo os dispositivos menores, como smartphones e tablets, têm muito a ganhar.
 
Rastreamento dos olhos E o que faltava para tornar realidade essa tecnologia pós-mouse agora não falta mais.
 
A empresa japonesa Fujitsu anunciou o desenvolvimento de uma tecnologia de rastreamento dos olhos inteiramente baseada nas câmeras e LEDs que já vêm incorporados na maioria dos notebooks, smartphones e tablets.
 
Até agora, a tecnologia exigia câmeras e LEDs especializados, que ainda são caros e grandes demais para a integração nos equipamentos.
 
Os engenheiros da empresa superaram o problema das imagens borradas geradas nas altas velocidades de monitoramento necessárias para rastrear a pupila do usuário, a fim de determinar o ponto exato para onde ele está olhando.
 
Para isso foi usado um LED emitindo luz na faixa do infravermelho próximo, com a câmera detectando a reflexão dessa frequência de onda pelas diversas partes do olho. A direção do olhar é calculada usando a relação entre a reflexão da pupila e da córnea.
A técnica chama-se Método de Reflexão Corneal. [Imagem: Fujitsu
 
Era pós-mouse "O processamento necessário para determinar a linha de visão do usuário a partir das imagens capturadas pela câmera é feita usando software, minimizando os custos de hardware," afirma a empresa.
 
No programa de demonstração da tecnologia, um usuário rola a tela ou faz um zoom na imagem apenas olhando para os botões disponíveis para essas funções.
 
A empresa afirma que a tecnologia já está pronta para comercialização.
 
Assim, não precisará esperar muito para usar os olhos para fazer a mira em jogos de primeira pessoa ou para navegar pelo Google Street View apenas olhando para onde você quer ir.
 
Site Inovação Tecnológica

ESPAÇONAVE PILOTADA POR PENSAMENTO VAI MELHOR COM DOIS CÉREBROS

Hans Solo e Chewie poderão se entender melhor se usarem interfaces neurais e deixar que seus cérebros cheguem a um acordo, sem discussões. [Imagem: Robosas]

Pilotagem mental Mesmo nos filmes de ficção científica, espaçonaves são dirigidas através de consoles.

Nos filmes mais recentes, os botões e joysticks foram substituídos por telas sensíveis ao toque, mas nada que se separe muito do que seria possível hoje.

Cientistas da Universidade de Essex e da NASA, contudo, acreditam que pode haver formas mais eficientes de dirigir uma nave - por exemplo, controlá-las apenas pelo pensamento.

As interfaces neurais têm ocupado um espaço cada vez maior nas pesquisas, até agora voltadas sobretudo para o controle de próteses robotizadas e exoesqueletos.

Os sensores menos invasivos, capazes de ler os sinais cerebrais através de "capacetes sensoriais", podem ser úteis em uma infinidade de tarefas, como controlar robôs industriais ou carros.

Esta é ideia da equipe do professor Riccardo Poli, em conjunto com engenheiros do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA

Unindo as mentes Quando os pesquisadores tentaram usar os capacetes sensoriais para controlar uma nave espacial, contudo, eles tiveram uma surpresa.

A conclusão bastante clara é que, quando se trata de pilotar uma espaçonave, então dois cérebros são melhores do que um só.

Usando a tradicional técnica de eletroencefalografia, os eletrodos do capacete capturam diferentes padrões nas ondas cerebrais, dependendo do foco de atenção do usuário.

O candidato a piloto espacial tinha que focar em um dos oito pontos direcionais ao redor do cursor, de forma a levar a nave em segurança por um circuito virtual.

Os resultados deixaram a desejar, mesmo depois do normalmente longo tempo de treinamento das interfaces neurais

O professor Poli então teve uma ideia: mesclar os sinais neurais de dois "pensadores", interpretando os sinais depois que eles são fundidos, tudo em tempo real.

Tomada de decisão O resultado foi muito mais promissor, já que o sistema continua estável mesmo quando um dos pilotos tem uma pequena interrupção na atenção.

A combinação de sinais também permitiu reduzir outros ruídos que afetam a eletroencefalografia, como os derivados dos batimentos cardíacos, respiração, engolir e atividade muscular.

"Quando você tira uma média dos sinais neurais de duas pessoas, o ruído é cancelado em larga medida," disse o pesquisador.

O resultado é que dois cérebros produzem uma trajetória mais precisa e mais estável para a espaçonave virtual.

O professor Poli afirma que o próximo passo é desenvolver formas de mesclar os dois sinais em condições de tomada de decisão.

Afinal, ninguém quer que a nave choque-se frontalmente com um asteroide só porque um dos pilotos queria desviar pela direita e outro pela esquerda.

Site Inovação Tecnológica

MÁQUINAS ACIONADAS PELO PENSAMENTO AVANÇAM COM INTERFACE NEURAL PORTÁTIL

O aparelho desenvolvido pela equipe para registrar os movimentos tridimensionais também deverá ajudar as outras tecnologias já existentes, que hoje exigem etapas de treinamento inicial do sistema e do operador bastante intensivas.[Imagem: Bradberry et al. The Journal of Neuroscience]

Interfaces cérebro-máquina. Pesquisadores da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, criaram uma técnica aprimorada de leitura dos impulsos cerebrais que permitirá o avanço das interfaces cérebro-máquina e o controle de máquinas e equipamentos apenas pelo pensamento.

Esta é a primeira vez que a técnica, totalmente não-invasiva, instalada apenas sobre a pele, atinge o nível para se tornar portátil, abrindo caminho para o controle cerebral de cadeiras de rodas, braços robóticos, ou mesmo equipamentos comuns do dia a dia, como computadores.

A equipe do Dr. José Contreras-Vidal usou um exame médico comum, a eletroencefalografia, para registrar os sinais elétricos do cérebro a partir de um conjunto de sensores colados sobre a cabeça.


Leitor de movimento 3-D. Os pesquisadores usaram sua nova técnica para reconstruir o movimentos 3-D da mão humana a partir dos sinais cerebrais coletados pelos sensores. Até agora, a reconstrução de movimentos exigia aparatos grandes ou a coleta de sinais de forma invasiva.

Para reconstruir o movimento tridimensional da mão, os pesquisadores construíram um equipamento especial para capturar as rotas dos dedos conforme eles se movimentavam a partir de um botão central até oito outros botões - uma espécie de leitor de movimento 3-D.

Os voluntários tocavam o botão central e, partir dele, tocavam outro botão de forma aleatória, repetindo o exercício 10 vezes. Enquanto isso, os cientistas gravavam seus sinais cerebrais e os movimentos da sua mão.

Depois dos experimentos, os cientistas conseguiram reconstruir os movimentos 3-D das mãos dos voluntários a partir unicamente dos sinais cerebrais registrados.

"Nossos resultados mostraram que a atividade elétrica cerebral coletada a partir da superfície da cabeça contém informação suficiente para reconstruir os movimentos das mãos de forma contínua e natural," diz o Dr. Contreras-Vidal.
Sensores especiais. Os pesquisadores descobriram que um sensor em particular, dos 34 utilizados, fornece a informação mais precisa. O sensor estava localizado na direção da parte do cérebro chamada córtex sensoriomotor primário, uma região que já se sabia estar associada aos movimentos voluntários.

O sensor da região do lóbulo parietal inferior também registrou informações úteis para o movimento da mão. Essa região coordena os movimentos de todos os membros. Os autores usaram os registros desses dois sensores para confirmar a validade do seu método.

Jogos controlados pelo pensamento. Este estudo tem implicações importantes para o futuro das tecnologias de interfaces cérebro-computador e cérebro-máquina, inclusive para as já existentes. Se simples acelerômetros fizeram o sucesso do Wii, imagine o que seria possível com jogos totalmente controlados pelo pensamento.

Mas o maior apelo para essas tecnologias cérebro-máquina é a recuperação do controle dos movimentos para pessoas deficientes ou que sofreram doenças neuromusculares graves, como a esclerose lateral amiotrófica, lesão da medula espinhal ou mesmo derrame cerebral.

O aparelho desenvolvido pela equipe para registrar os movimentos tridimensionais também deverá ajudar as outras tecnologias já existentes, que hoje exigem etapas de treinamento inicial do sistema e do operador bastante intensivas.

Sensores especiais. Os pesquisadores descobriram que um sensor em particular, dos 34 utilizados, fornece a informação mais precisa. O sensor estava localizado na direção da parte do cérebro chamada córtex sensoriomotor primário, uma região que já se sabia estar associada aos movimentos voluntários.

O sensor da região do lóbulo parietal inferior também registrou informações úteis para o movimento da mão. Essa região coordena os movimentos de todos os membros. Os autores usaram os registros desses dois sensores para confirmar a validade do seu método.

Jogos controlados pelo pensamento. Este estudo tem implicações importantes para o futuro das tecnologias de interfaces cérebro-computador e cérebro-máquina, inclusive para as já existentes. Se simples acelerômetros fizeram o sucesso do Wii, imagine o que seria possível com jogos totalmente controlados pelo pensamento

Mas o maior apelo para essas tecnologias cérebro-máquina é a recuperação do controle dos movimentos para pessoas deficientes ou que sofreram doenças neuromusculares graves, como a esclerose lateral amiotrófica, lesão da medula espinhal ou mesmo derrame cerebral

O aparelho desenvolvido pela equipe para registrar os movimentos tridimensionais também deverá ajudar as outras tecnologias já existentes, que hoje exigem etapas de treinamento inicial do sistema e do operador bastante intensivas.

Site Inovação Tecnológica

PLACEBOS FUNCIONAM MESMO SE O PACIENTE SABE QUE PILULA É INERTE

Para a maioria das pessoas, o "efeito placebo" é sinônimo do poder do pensamento positivo, que funciona porque você acredita que está tomando uma droga real.

Mas um novo estudo questiona frontalmente esta suposição.

Pesquisadores da Escola de Medicina de Harvard descobriram que os placebos funcionam mesmo quando administrados sem enganar a pessoa para que ela acredite que está tomando o medicamento real.

O estudo foi publicado na revista científica PLoS ONE.

Os placebos, ou pílulas falsas, são utilizados em ensaios clínicos como controles em pesquisas para saber se fármacos candidatos a novos medicamentos realmente funcionam.

Ainda que não contenham quaisquer ingredientes ativos, os pacientes costumam responder a eles.

De fato, os dados sobre os placebos são tão convincentes que muitos médicos (um estudo já estimou em 50 por cento) secretamente dão placebos para pacientes desavisados.

Como esta "enganação" é eticamente questionável, o Dr. Ted Kaptchuk juntou-se aos seus colegas para pesquisar se o poder de placebos pode ou não ser aproveitado de forma honesta e respeitosa.

No estudo, 80 pacientes que sofrem de síndrome do intestino irritável (IBS) foram divididos em dois grupos: um grupo, os controles, não recebeu nenhum tratamento, enquanto o outro grupo recebeu um regime de placebos - honestamente descritos como "pílulas de açúcar", que eles foram instruídos a tomar duas vezes ao dia.

"Não só deixamos absolutamente claro que essas pílulas não tinham qualquer ingrediente ativo, e eram feitas com substâncias inertes, como realmente imprimimos a palavra 'placebo' no vidro," conta Kaptchuk. "Dissemos aos pacientes que eles não tinham sequer que acreditar no efeito placebo. Bastava que eles tomassem os comprimidos."

No final do teste, o número de pacientes que relataram um alívio adequado dos sintomas foi duas vezes maior entre os participantes que tomaram o placebo (59 por cento contra 35 por cento).

Além disso, em outras avaliações dos resultados, os pacientes que tomaram o placebo duplicaram suas taxas de melhoria, atingindo um grau mais ou menos equivalente ao efeito dos medicamentos reais mais poderosos contra a enfermidade.

Ou seja, o placebo declaradamente dado aos pacientes como placebo produziu um efeito similar ao dos melhores medicamentos disponíveis.

"Eu não achei que iria funcionar," diz o autor sênior do estudo, Dr. Anthony Lembo. "Eu me senti estranho pedindo literalmente aos pacientes para tomar um placebo. Mas, para minha surpresa, ele parece funcionar para muitos deles."

Os autores advertem que o estudo é pequeno e limitado, e simplesmente abre as portas para a noção de que os placebos são eficazes mesmo para os pacientes totalmente informados, uma hipótese que terá de ser confirmada em estudos maiores

"No entanto", diz Kaptchuk, "estes resultados sugerem que, em vez de resultar meramente do pensamento positivo, pode haver um benefício significativo para o desempenho do ritual médico. Estou animado em estudar mais a questão. O placebo pode funcionar mesmo se os pacientes sabem que é um placebo."

Outra pesquisa recentemente redefiniu o placebo como parte efetiva do tratamento médico.

Estas conclusões têm levado os cientistas a questionarem a validade de usar placebos para testar a eficácia de novos medicamentos

Redação do Diário da Saúde

TEORIAS PARA EXPLICAR EFEITO PLACEBO

Cientistas acreditam ter documentado pelo menos dois mecanismos adicionais com pretensão de explicar os efeitos placebo e nocebo (o placebo negativo).

Segundo Karin Jensen, do Hospital Geral de Massachusetts, o inconsciente desempenha um papel importante para explicar o efeito real no organismo de se tomar um composto não ativo.

"Uma pessoa pode ter uma resposta placebo ou nocebo mesmo se não estiver ciente de qualquer sugestão de melhoria ou expectativa de que irá piorar," diz a pesquisadora.

"Neste estudo, nós usamos um novo tipo de experimento e descobrimos que os efeitos placebo e nocebo se baseiam em mecanismos cerebrais que não dependem da consciência cognitiva," completou.

Estudos de neuroimagens do cérebro sugerem que determinadas estruturas, como o estriado e a amígdala, podem processar os estímulos de entrada antes que eles atinjam a consciência, e, como resultado, podem mediar efeitos não conscientes sobre a cognição e comportamento humano.

No experimento, Jensen e seus colegas nada falaram sobre o placebo ou o medicamento, mas acompanharam a terapia de imagens que sugeriam pouca dor ou muita dor.

Ao avaliarem a própria dor depois de receberem uma dose controlada de calor sobre a pele, os voluntários mostraram uma forte correlação entre seu relato de dor e a imagem que haviam visto.

O resultado foi o mesmo para um experimento simulando o efeito nocebo.

Peter Trimmer, da Universidade de Bristol (Grã-Bretanha) fez um experimento diferente, usando o hamster siberiano, um roedor que possui uma resposta imunológica a infecções maior no verão e menor no inverno.

Nos experimentos, os corpos dos roedores não combatiam as infecções tão bem quando as luzes de suas gaiolas simulavam o inverno.

Segundo o pesquisador, isso indica que o organismo decide não investir tanta energia no combate à infecção quando há sinais no ambiente de que a situação não é tão grave - o placebo, neste caso, era a iluminação simulando o inverno.

Assim, Trimmer credita o efeito placebo a uma luta evolucionária pela sobrevivência.

Durante muito tempo que se acreditou que as respostas ao placebo estivessem relacionadas a crenças ou pensamentos conscientes.

Assim, quando recebe uma pílula ou terapia inerte, o paciente melhora porque tem a expectativa de que vai melhorar, ou, no caso do efeito nocebo, piora porque prevê que vai piorar.

Contudo, uma pesquisa recente mostrou que os placebos funcionam mesmo quando o paciente sabe que a pílula é inerte.

Assim, longe de oferecerem uma resposta definitiva ao assunto - se é que existe uma resposta única para o efeito placebo - os dois estudos publicados nesta semana apenas vêm somar novas teorias com baixo poder explicativo.

Redação do Diário da Saúde

DESCOBERTOS FATORES QUE EXPLICAM EFEITOS DOS PLACEBOS

Poucos dias depois que uma pesquisa questionou o uso do placebo para o teste de novos medicamentos, pesquisadores da Universidade da Califórnia (EUA) descobriram que o placebo não induz apenas alterações psicológicas e fisiológicas no organismo, mas também alterações genéticas.

Os placebos são uma espécie de "simulação" - normalmente, meras pílulas de açúcar fabricadas para representar "nenhum tratamento" nos testes clínicos de novos medicamentos. A eficácia da medicação real é comparada com o placebo para determinar se o novo remédio funciona.

Contudo, para algumas pessoas, o placebo funciona quase tão bem quanto a própria medicação. Quão bem o placebo funciona é algo que varia largamente de indivíduo para indivíduo.

Permanece um mistério por que há essa variação individual e, afinal de contas, por que o placebo funciona. Os cientistas acreditam que se trata de alguma combinação de fatores biológicos e psicológicos.

Agora, a equipe do Dr. Andrew Leuchter descobriu uma nova explicação: a genética. A pesquisa será publicada no exemplar de Agosto do Journal of Clinical Psychopharmacology.

O Dr. Leuchter e seus colegas demonstraram que, em pessoas sofrendo de desordens depressivas graves, os genes que influenciam as rotas de gratificação do cérebro podem modular a resposta aos placebos.

Acredita-se que os placebos agem estimulando as rotas centrais de gratificação do cérebro ao liberar uma classe de neurotransmissores chamados monoaminas, especificamente a dopamina e a norepinefrina. São estes os compostos químicos cerebrais equivalentes ao "sentir-se bem."

Como a sinalização química feita pelas monoaminas está sob forte controle genético, os cientistas levantaram a hipótese de que as variações genéticas comuns verificadas entre os indivíduos - chamadas de polimorfismos genéticos - poderiam influenciar a resposta ao placebo.

Depois de estudar 84 pessoas diagnosticadas com desordens depressivas graves, os pesquisadores verificaram que os pacientes com atividades enzimáticas intensas no polimorfismo da monoamina oxidase A (MAO-A) apresentam uma resposta muito menor ao placebo do que pacientes com outros genótipos. O mesmo acontece, em menor intensidade, com a atividade enzimática no polimorfismo COMT (catecol-O- metiltransferase).

Leuchter destaca que esta não é a explicação única para a resposta do organismo ao placebo, que provavelmente é causada por uma série de fatores, tanto biológicos quanto psicossociais. "Mas os dados sugerem que as diferenças individuais na resposta ao placebo são significativamente influenciadas pelo genótipo individual," conclui o pesquisador.

Mark Wheeler - Agência USP

O PODER DOS PLACEBOS - ATÉ 60% DOS MÉDICOS ACREDITAM EM SUA EFICÁCIA


Os psiquiatras canadenses parecem estar mais preparados do que quaisquer outros médicos para reconhecerem os benefícios dos placebos.

Eles podem até se sentir desconfortáveis em falar sobre isso, mas definitivamente estão tirando proveito desses benefícios.

Um estudo realizado pela equipe do Dr. Amiz Raz, da Universidade McGill, mostra que um em cada cinco doutores - médicos e psiquiatras em escolas médicas canadenses - já prescreveram ou administraram placebo para seus pacientes.

E uma proporção ainda maior dos psiquiatras (mais de 35 por cento) relataram prescrever doses subterapêuticas de medicamentos para o tratamento de seus pacientes - ou seja, doses que estão abaixo, por vezes, consideravelmente abaixo, do nível mínimo recomendado.

E a prescrição dos pseudoplacebos - isto é, tratamentos que, em princípio, são ativos, mas que dificilmente serão eficazes para a patologia a ser tratada, por exemplo, o uso de vitaminas para tratar a insônia crônica - é ainda mais disseminada.

O Dr. Raz e seus colegas sugerem que isso pode estar ocorrendo porque os médicos têm-se mostrado mais dispostos a prescrever materiais bioquimicamente ativos, embora em doses mais baixas do que poderia ser eficaz.

A pesquisa, que também foi concebida para estudar as atitudes dos médicos frente ao uso dos placebos, revelou que a maioria dos psiquiatras entrevistados (mais de 60 por cento) acredita que os placebos podem ter efeitos terapêuticos.

Esta é uma proporção significativamente maior do que a verificada entre médicos de outras especialidades. "Os psiquiatras parecem dar mais valor à influência que os placebos exercem sobre a mente e o corpo", diz Raz.

Apenas 2% dos psiquiatras acreditam que os placebos não têm nenhum benefício clínico.

O interesse do próprio Dr. Raz em relação aos placebos veio de seu trabalho em três áreas muito diferentes: seus estudos sobre como a fisiologia das pessoas é influenciada por suas expectativas do que está para acontecer, seu trabalho sobre o auto-engano, e seu treinamento como mágico.

Juntas, essas três áreas distintas da experiência de Raz levaram-no a explorar o que continua a ser um terreno incômodo da prática médica para muitos profissionais - o uso de placebos na medicina - justamente por suas ligações com as expectativas e, mais eticamente problemático, o engano.

"Enquanto a maioria dos médicos provavelmente valorize o mérito clínico dos placebos, orientações técnicas e conhecimentos científicos limitados, bem como as considerações éticas, impedem a discussão aberta sobre a melhor maneira de re-introduzir os placebos no meio médico", diz Raz.

"Esta pesquisa fornece um valioso ponto de partida para futuras investigações sobre as atitudes dos médicos [...] e para a utilização dos placebos," conclui.

Katherine Gombay

PLACEBO PARTE EFETIVA DO TRATAMENTO MÉDICO

Pensamentos e estados de espírito capturados por neurotransmissores causam a liberação de hormônios que interagem com as células que combatem as doenças [Wikimedia/Ragesoss]

Pesquisadores usaram o efeito placebo com sucesso para tratar pacientes com psoríase usando entre um quarto e a metade da dose habitual de um medicamento amplamente usado contra a doença, de acordo com um estudo publicado no jornal médico Psychosomatic Medicine.

Os primeiros resultados em pacientes humanos sugerem que a nova técnica poderá melhorar o tratamento de diversas doenças crônicas que envolvem o estado mental ou o sistema imunológico dos pacientes, incluindo a asma, a esclerose múltipla e a dor crônica.

Ao desenvolver esquemas de tratamento que misturam medicações ativas e placebo, os pesquisadores da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, esperam maximizar os benefícios do remédio, reduzir os efeitos colaterais, aumentar o número de pacientes que toma seus remédios e estender o uso de drogas atualmente limitadas pelo risco de dependência ou toxicidade.

Usar uma fração da dose habitual dos esteroides para obter o mesmo efeito também pode tornar possível uma redução dramática e imediata dos custos do sistema de saúde, segundo os autores.

A publicação é um produto de décadas de pesquisa no campo emergente da psiconeuroimunologia, que sustenta que a capacidade do sistema imunológico humano para combater as doenças está intimamente ligada à mente da pessoa.

Pensamentos e estados de espírito são capturados por neurotransmissores que causam a liberação de hormônios que interagem com as células que combatem as doenças.

A equipe de pesquisadores escolheu a psoríase para os seus primeiros experimentos com seres humanos porque esta é uma doença crônica, ela piora quando os pacientes ficam estressados e envolve o sistema imunológico.

A psoríase provoca dor e incapacidade em milhões de pessoas. Traços herdados e irritações fazem com que o sistema imunológico desencadeie a produção exagerada de células da pele, resultando em manchas vermelhas e escamosas de pele morta.

"Nosso estudo fornece evidências de que o efeito placebo pode tornar possível o tratamento da psoríase com uma quantidade de medicamento que seria pequena demais para funcionar," explica Robert Ader, coordenador da pesquisa.

"Embora esses resultados sejam preliminares, acreditamos que a classe médica precisa reconhecer a reação da mente às medicações como uma parte poderosa dos efeitos de muitas drogas, e começar a tirar vantagem disso", disse Ader.

O efeito placebo, obviamente, não pode ajudar os pacientes inconscientes, ou substituir as substâncias que o próprio organismo é incapaz de produzir," acrescenta ele. Na ausência de funcionamento das ilhotas pancreáticas, por exemplo, o placebo não conseguiria estimular a liberação de insulina em um diabético tipo 1.

"A indústria farmacêutica pode ter optado por ignorar o componente condicionado dos tratamentos com medicamentos," disse Ader. "Agora, porém, eles podem começar a explorar o condicionamento no desenvolvimento de protocolos de tratamento, especialmente em condições crônicas nas quais os pacientes adquirem respostas condicionadas ao longo do tempo. Acredito que a indústria acabará por apoiar esta abordagem porque ela promete aumentar a segurança e reduzir os custos de produção."

Greg Williams