segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O PENSAMENTO NUTRE A MENTE E O SISTEMA IMUNOLÓGICO


A conexão entre as imagens produzidas pela mente, seja em forma de fantasia ou visualização, e os mecanismos biológicos há muito é conhecida e pesquisada. Um dos primeiros estudos foi realizado pelo médico americano Edmund Jacobson. Ele descobriu que, quando se mentaliza um movimento, como mover a perna para caminhar, os músculos naquela perna aumentam instantaneamente a atividade elétrica.   Da mesma forma que o corpo precisa de um equilíbrio de vitaminas, minerais, proteínas e outros nutrientes para crescer e manter-se sadio, a mente necessita de “nutrientes mentais” que possibilitem a sua saúde fisiológica e emocional.   Você é responsável pela sua saúde física e mental. O respeito que tem por si mesmo e o seu amor próprio determinam suas atitudes e emoções. Assim, através do alimento que você consome, de suas horas de relaxamento e de sono, de sua rotina de exercícios, está sempre optando por uma qualidade de vida – estas decisões controlam cerca de 90% dos fatores que afetam sua saúde, afirma o cirurgião Bernie Siegel, autor do best-seller Love, Medicine & Miracles (Amor, Medicina e Milagres).

Algumas pessoas, quando ficam extremamente estressadas, se mantêm equilibradas e em boa saúde, e com freqüência ficam doentes quando tudo volta ao normal. Outras parecem se adaptar às intempéries da vida, permanecendo saudáveis e ativas.

Até recentemente, a ciência médica tinha pouco a dizer sobre essas diferenças, especialmente o papel dos pensamentos e atitudes para regular o que se supunha ser uma reação involuntária ao estresse. Novas pesquisas têm indicado que o sistema imunológico, arma principal do corpo contra doenças infecciosas, é regulado por um constante fluxo de automensagem. Essas doenças se originam nas emoções produzidas pela tensão e pelo estresse.

A idéia de que as imagens geradas pela mente, quer de forma espontânea ou programada, influenciam o sistema de imunidade e, em conseqüência, a saúde da pessoa tem sido explorada principalmente na qualidade de sobrevida de pacientes

Um dos pioneiros nesses estudos usando técnicas de relaxamento combinadas com imagens mentais O. Carl Simonton. Outros profissionais, como o cirurgião Bernie Siegel e a psicóloga Patrícia Norris, têm obtido sucesso no tratamento de pacientes com a prática de visualização personalizada.

Cientificamente, fica cada vez mais aparente o elo entre o psíquico (pensamento e emoções) e o sistema imunológico. Pode-se fazer previsões a respeito da saúde de uma pessoa avaliando como ela reage ao estresse do dia-adia e lida com seus sentimentos. As emoções causam uma alteração química no cérebro que afeta o sistema endócrino, alterando os níveis de hormônios, repercutindo também no sistema nervoso e nas respostas do sistema imunológico. Dependendo da personalidade e do comportamento da pessoa, esse processo tanto pode apresentar riscos à saúde como proteger o organismo da presença de invasores (bactérias, vírus etc.).

A mente tem a função mais importante na recuperação de doenças. Por meio dos pensamentos, imagens, crenças, memórias e emoções, ela pode alterar a estrutura bioquímica e o sistema nervoso. Esta interação é constante e involuntária. Poucas pessoas sabem que têm poder para alterar a maneira como a mente e o corpo interagem e que podem aprimorar essa comunicação, aprendendo a prevenir doenças e expandir seu potencial humano.

A mente e o corpo estão constantemente se comunicando, e reagem de maneira holística aos estímulos externos. Portanto, todo pensamento aciona automaticamente o mecanismo bioquímico e a atividade eletroquímica. Este é o princípio que guia as pesquisas na área do estresse desde os estudos realizados na década de 1960 na Menninger Foundation, nos Estados Unidos. Acredita-se que o estado mental de uma pessoa determina adaptações em níveis fisiológico e emocional.

De acordo com a fisiologia do estresse, as reações são desencadeadas a partir do acionamento de uma parte do cérebro chamada hipotálamo. O hipotálamo libera uma substância que estimula a glândula hipófise a produzir um hormônio (ACTH–hormônio adreno corticotrópico). O principal destinatário do ACTH são as glândulas suprarenais. Recebendo uma mensagem elétrica direta do cérebro, as glândulas suprarenais são estimuladas a liberar dois hormônios: adrenalina e no radrenalina, que podem afetar o funcionamento do sistema imunológico, causando até sua paralisação.

O hipotálamo é responsável pelo controle e ativação do sistema nervoso autônomo. Além de regular o sistema endócrino e outras funções do organismo, o sistema nervoso autônomo também é responsável pela atividade do sistema nervoso simpático, que prepara o corpo para enfrentar a situação estressante, e do sistema nervoso parassimpático, que prepara o corpo para relaxar.

O sistema nervoso simpático desencadeia as adaptações fisiológicas, incluindo aumento da freqüência cardíaca, aumento da pressão arterial do sangue, maior consumo de oxigênio devido a uma respiração mais rápida e superfi cial, redução da temperatura dos pés e das mãos, aumento no nível de sudorese das mãos e dos pés, contratura muscular e dilatação das pupilas. Além da ativação das glândulas supra-renais e pituitária, o pâncreas produz mais insulina devido a um aumento de açúcar no sangue. Portanto, no caso do estresse, todo o organismo é ativado – sistema nervoso, sistema endócrino e siste ma imunológico – para o enfrentamento ou fuga da situação estressante.

Da mesma forma que o hipotálamo pode enviar uma mensagem de alerta preparando o corpo para lutar ou fugir, pode ativar o sistema nervoso parassimpático, desencadeando uma resposta de relaxamento. Esta é uma condição necessária para que o organismo possa se recuperar dos desgastes contínuos que sofre e manter um equilíbrio que propicie a recuperação do corpo.

SISTEMA IMUNOLÓGICO
A relação entre estresse, sistema de imunidade e doenças é demonstrada em muitas pesquisas, as frustrações do dia-a-dia afetam as células do sistema imunológico. Neste cenário, a postura mental pode atuar como um escudo, imunizando contra doenças Mais recentemente, devido à grande incidência de doenças relacionadas ao estresse e à maior conscientização do efeito do pensamento e das emoções, retornou-se à medicina psicossomática, desenvolvida pelas culturas assíria e grega. A palavra psicossomático, de origem grega, é formada de dois termos: psyche, que signifca mente ou espírito, e soma, que significa corpo.

Novamente, uma perspectiva mais global começou a surgir, considerando a pessoa como um todo, em vez de fragmentá-la. Essa visão enfatiza os fatores psicos sociais que contribuem para as doenças ou facilitam o processo de recuperação.

O cardiologista Herbert Benson, diz que 75% das doenças estão diretamente relacionadas ao estresse. Para ele, estamos apenas começando a entender a relação entre a mente e o corpo. Em 25% das vezes, o tratamento médico tradicional apresenta resultados animadores, como o da insulina, penicilina e cirurgia. No entanto, segundo Benson, em 99% dos casos a mente é responsável pelas reações fisiológicas e emocionais e pelo poder que os pensamentos exercerão na recuperação da pessoa. Por isso, é imprescindível que a pessoa se conscientize da qualidade de suas automensagens e aprenda a fazer as mudanças necessárias para regular o seu sistema imunológico.

O sistema imunológico agrupa células, tecidos, bioquímicos e órgãos espalhados pelo corpo. Ele tem a missão de detectar e defender o organismo de intrusos. Alguns desses elementos estranhos ao corpo podem trazer benefícios, enquanto outros podem causar a morte. O sistema de defesa é responsável por identificar os agentes invasores, determinando o grau de ameaça para, então, destruí-los, se for o caso. O mau funcionamento do sistema imunológico torna o orga nismo vulnerável a todo tipo de invasores, do simples vírus da gripe .

O sistema imunológico é como um exército bem orquestrado, onde o esquema de segurança é coordenado pelas células brancas – fagócitos e linfóides. Os fagócitos atuam como patrulheiros, que atacam o invasor. Após a captura, os linfóides (células B e T) entram em ação, produzindo anticorpos para neutrali zar o inimigo ou identifi - cá-lo para um futuro ataque.

A atividade cerebral interfere na execução da defesa do sistema imunológico. O hipotálamo e outras partes do cérebro produzem neurotransmissores e hormônios – mensageiros químicos – que circulam no coração, músculos e sistema imunológico. O estresse pode impedir que os mensageiros executem sua tarefa.

Uma área de grande interesse científico tem sido a de hormônios. A produção de endorfina, por exemplo, parece regular não apenas o sistema imunológico como também a sensibilidade à dor. A produção de cortisol é acelerada pelo estresse e pode suprimir as células de imunidade, tornando a pessoa extremamen te vulnerável a qualquer doença. Outro hormônio – a epinefrina –, conhecido como adrenalina, às vezes estimula as defesas do corpo. Em outros momentos, no entanto, inibe esta capacidade. A norepinefrina atua primariamente como um neurotransmissor e pode ser perniciosa ao sistema imunológico.

Muitas vezes os agentes invasores podem viver secretamente no organismo até que uma situação mui to estressante ou problemas de nutrição estimulem seu ataque. Assim, podem passar despercebidos pelo exército de defesa do sistema imunológico.

Em algumas pessoas, o esquema de defesa está sempre alerta. Em outras, parece que os soldados responsáveis pela defesa do corpo caíram em sono profundo, deixando o organismo desguarnecido. Esta diferença ocorre em função da qualidade da alimentação, hábitos pessoais como o sono, exercício físico regular, prática de relaxamento e, acima de tudo, da postura mental.

Em suma, a mente e o corpo controlam um sistema complexo que se comunica e interage. A mente é a parte mais importante desse sistema. Ela tem o poder de regular todas as funções orgânicas e produzir elementos químicos indispensáveis para o bem-estar do indivíduo.

A mente possui dois escravos: o corpo e as emoções. Eles reagem de acordo com a qualidade dos pensamentos que ela produz. Quando a pessoa não gosta de si, ela se comunica consigo mesma através de pensamentos negativos e autodestrutivos. Este processo determina o comportamento e as atitudes das pessoas.

Para mudar uma personalidade negativa ou disfuncional, é necessário primeiro mudar a qualidade dos pensamentos. Use sua imaginação para criar uma imagem daquilo que gostaria de ser e utilize os poderes da visualização para materializar imagens mentais que possam melhorar sua qualidade de vida física e mental. Assim, diminuirá o risco de acidentes de percurso, como ter um sistema de defesa sonolento e displicente que permita a invasão de agentes estranhos ao seu organismo.

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