domingo, 24 de fevereiro de 2013

PLACEBOS FUNCIONAM MESMO SE O PACIENTE SABE QUE PILULA É INERTE

Para a maioria das pessoas, o "efeito placebo" é sinônimo do poder do pensamento positivo, que funciona porque você acredita que está tomando uma droga real.

Mas um novo estudo questiona frontalmente esta suposição.

Pesquisadores da Escola de Medicina de Harvard descobriram que os placebos funcionam mesmo quando administrados sem enganar a pessoa para que ela acredite que está tomando o medicamento real.

O estudo foi publicado na revista científica PLoS ONE.

Os placebos, ou pílulas falsas, são utilizados em ensaios clínicos como controles em pesquisas para saber se fármacos candidatos a novos medicamentos realmente funcionam.

Ainda que não contenham quaisquer ingredientes ativos, os pacientes costumam responder a eles.

De fato, os dados sobre os placebos são tão convincentes que muitos médicos (um estudo já estimou em 50 por cento) secretamente dão placebos para pacientes desavisados.

Como esta "enganação" é eticamente questionável, o Dr. Ted Kaptchuk juntou-se aos seus colegas para pesquisar se o poder de placebos pode ou não ser aproveitado de forma honesta e respeitosa.

No estudo, 80 pacientes que sofrem de síndrome do intestino irritável (IBS) foram divididos em dois grupos: um grupo, os controles, não recebeu nenhum tratamento, enquanto o outro grupo recebeu um regime de placebos - honestamente descritos como "pílulas de açúcar", que eles foram instruídos a tomar duas vezes ao dia.

"Não só deixamos absolutamente claro que essas pílulas não tinham qualquer ingrediente ativo, e eram feitas com substâncias inertes, como realmente imprimimos a palavra 'placebo' no vidro," conta Kaptchuk. "Dissemos aos pacientes que eles não tinham sequer que acreditar no efeito placebo. Bastava que eles tomassem os comprimidos."

No final do teste, o número de pacientes que relataram um alívio adequado dos sintomas foi duas vezes maior entre os participantes que tomaram o placebo (59 por cento contra 35 por cento).

Além disso, em outras avaliações dos resultados, os pacientes que tomaram o placebo duplicaram suas taxas de melhoria, atingindo um grau mais ou menos equivalente ao efeito dos medicamentos reais mais poderosos contra a enfermidade.

Ou seja, o placebo declaradamente dado aos pacientes como placebo produziu um efeito similar ao dos melhores medicamentos disponíveis.

"Eu não achei que iria funcionar," diz o autor sênior do estudo, Dr. Anthony Lembo. "Eu me senti estranho pedindo literalmente aos pacientes para tomar um placebo. Mas, para minha surpresa, ele parece funcionar para muitos deles."

Os autores advertem que o estudo é pequeno e limitado, e simplesmente abre as portas para a noção de que os placebos são eficazes mesmo para os pacientes totalmente informados, uma hipótese que terá de ser confirmada em estudos maiores

"No entanto", diz Kaptchuk, "estes resultados sugerem que, em vez de resultar meramente do pensamento positivo, pode haver um benefício significativo para o desempenho do ritual médico. Estou animado em estudar mais a questão. O placebo pode funcionar mesmo se os pacientes sabem que é um placebo."

Outra pesquisa recentemente redefiniu o placebo como parte efetiva do tratamento médico.

Estas conclusões têm levado os cientistas a questionarem a validade de usar placebos para testar a eficácia de novos medicamentos

Redação do Diário da Saúde

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