Pensamentos e estados de espírito capturados por neurotransmissores causam a liberação de hormônios que interagem com as células que combatem as doenças [Wikimedia/Ragesoss]
Pesquisadores usaram o efeito placebo com sucesso para tratar pacientes com psoríase usando entre um quarto e a metade da dose habitual de um medicamento amplamente usado contra a doença, de acordo com um estudo publicado no jornal médico Psychosomatic Medicine.
Os primeiros resultados em pacientes humanos sugerem que a nova técnica poderá melhorar o tratamento de diversas doenças crônicas que envolvem o estado mental ou o sistema imunológico dos pacientes, incluindo a asma, a esclerose múltipla e a dor crônica.
Ao desenvolver esquemas de tratamento que misturam medicações ativas e placebo, os pesquisadores da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, esperam maximizar os benefícios do remédio, reduzir os efeitos colaterais, aumentar o número de pacientes que toma seus remédios e estender o uso de drogas atualmente limitadas pelo risco de dependência ou toxicidade.
Usar uma fração da dose habitual dos esteroides para obter o mesmo efeito também pode tornar possível uma redução dramática e imediata dos custos do sistema de saúde, segundo os autores.
A publicação é um produto de décadas de pesquisa no campo emergente da psiconeuroimunologia, que sustenta que a capacidade do sistema imunológico humano para combater as doenças está intimamente ligada à mente da pessoa.
Pensamentos e estados de espírito são capturados por neurotransmissores que causam a liberação de hormônios que interagem com as células que combatem as doenças.
A equipe de pesquisadores escolheu a psoríase para os seus primeiros experimentos com seres humanos porque esta é uma doença crônica, ela piora quando os pacientes ficam estressados e envolve o sistema imunológico.
A psoríase provoca dor e incapacidade em milhões de pessoas. Traços herdados e irritações fazem com que o sistema imunológico desencadeie a produção exagerada de células da pele, resultando em manchas vermelhas e escamosas de pele morta.
"Nosso estudo fornece evidências de que o efeito placebo pode tornar possível o tratamento da psoríase com uma quantidade de medicamento que seria pequena demais para funcionar," explica Robert Ader, coordenador da pesquisa.
"Embora esses resultados sejam preliminares, acreditamos que a classe médica precisa reconhecer a reação da mente às medicações como uma parte poderosa dos efeitos de muitas drogas, e começar a tirar vantagem disso", disse Ader.
O efeito placebo, obviamente, não pode ajudar os pacientes inconscientes, ou substituir as substâncias que o próprio organismo é incapaz de produzir," acrescenta ele. Na ausência de funcionamento das ilhotas pancreáticas, por exemplo, o placebo não conseguiria estimular a liberação de insulina em um diabético tipo 1.
"A indústria farmacêutica pode ter optado por ignorar o componente condicionado dos tratamentos com medicamentos," disse Ader. "Agora, porém, eles podem começar a explorar o condicionamento no desenvolvimento de protocolos de tratamento, especialmente em condições crônicas nas quais os pacientes adquirem respostas condicionadas ao longo do tempo. Acredito que a indústria acabará por apoiar esta abordagem porque ela promete aumentar a segurança e reduzir os custos de produção."
Greg Williams
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