terça-feira, 18 de junho de 2013

REGIÃO NOBRE DO CÉREBRO É CAPAZ DE ‘PREVER’ QUANDO VERÁ UMA FACE

Área ligada exclusivamente á identificação de faces age mesmo quando interpreta um rosto, como na famosa "face de Marte".
 
Segundo cientistas, o córtex frontal envia informações para uma área especificada do cérebro, que decodifica rostos. 
 
Cientistas comprovaram uma teoria que diz que o cérebro é capaz de prever uma informação antes de recebê-la, ao mesmo tempo em que encontraram uma ligação entre uma área cerebral nobre, ligada á atenção e à memória, e outra, logada á identificação de faces. 
 
Ninguém vê uma face da mesma maneira que vê um objeto qualquer. Ao ver um rosto, nós automaticamente registramos a aparência da pessoa, como ela está se sentindo e como ela se relaciona conosco. Por isso, não é surpreendente que uma certa parte do cérebro seja devotada, exclusivamente, para fazer isso. 
 
Um especifico, chamado de "área fusiforme de faces" [ou FFA, na sigla em inglês], na parte posterior inferior do cérebro, é ativado somente quando achamos que vimos um rosto. Mesmo que apenas um pescoço apoiando um circulo cinza nos seja mostrado, a FFA é ativada. Se confundirmos um objeto com uma face, também. No entanto, se confundirmos uma face com um objeto, nada acontece. 
 
"Esse comportamento dessa área especifica levou cientistas a interpretarem que a atividade neural ali não é estimulada apenas pelo mundo exterior, mas também por expectativas e crenças internas", explicou o autor do estudo. Christopher Summerfield, da Universidade Columbia, em Nova York, ao G1. "Esses sinais internos" precisam, então vir de outra parte do cérebro. E foi exatamente isso que descobrimos", diz ele. 
 
Em seu estudo, publicado na revista "Science", Summerfield observou o cérebro de algumas pessoas, através de ressonância magnética, enquanto elas respondiam a certos estímulos. Eles mostraram faces tanto para quem esperava ver faces, quanto para quem esperava ver qualquer outro objeto. Da mesma maneira, mostraram objetos para os mesmos dois grupos. 
 
Conforme esperado, nós descobrimos que a região FFA respondia tanto quanto se via um rosto, quanto quando se esperava ver um rosto. No entanto, encontramos também uma região, no córtex frontal, sensível apenas á expectativa por uma face" conta Summerfield. "Com isso, pudemos mostrar, depois, que havia ligação entre essa área e a FFA. 
 
O estudo de Summerfiel comprova uma antiga teoria de psicólogos chamada "codificação preditiva". Segundo ela, o cérebro prevê uma informação antes de recebê-la, facilitando a codificação.  Summerfield explica "quando você está conversando com um amigo, sabe que ele não vai desaparecer. Então, quando você
se vira, seu cérebro, sabe que quando voltar, o amigo estará lá. E já codifica isso antecipadamente", explica. 
 
Uma vez eu estava pintando o banheiro do meu apartamento e tirei um espelho que havia na parede. No meio do serviço, tive que viajar por duas semanas. Quando voltei, havia esquecido que o espelho não estava ali. Quando me virei, por uma fração de segundo, vi minha imagem refletida, conta o cientista. 
 
Para ele, o estudo não é importante apenas por mostrar que podem existir neurônios especializados em prever imagens, mas também porque mostra, pela primeira vez, 
um fluxo de informações entre uma área mais nobre do cérebro e uma região ligada a recepção visual. 
 
G1 SP

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