É preciso duas pessoas para falar a verdade. Uma para falar e
outra para ouvir. (Henry David Thoreau, poeta americano)
Na minha visão, cada vez mais, o conhecimento, juntamente com a
marca e a cultura/valores, são os únicos ativos realmente próprios e de certa
maneira inimitáveis de uma empresa.
O gerenciamento do conhecimento parte da premissa de que todo
conhecimento existente na empresa, na cabeça das pessoas, nas veias dos
processos e no coração dos departamentos, pertence à empresa.
Para que isso seja verdade factível, deve ter portabilidade, ou
seja: para ser da empresa, deve transformar–se em pacote, rotina, modelo,
saindo da cabeça das pessoas e tornando–se utilizável e reutilizável por outras
pessoas. Este conhecimento é uma espiral evolutiva. Não é finito, imutável, nem
pré–determinado. A cada interação, colaboração entre diferentes cérebros,
evolui. Uma learning organization, de fato, parte do princípio de que todo
conhecimento deve estar disponível na empresa, porque esta aprende com sua evolução.
Além da learning organization de Peter Senge (empresa que aprende
com o meio e evolui), os conceitos “empresa viva”, de Arie de Geus (analogia da
empresa como organismos vivos), e “empresa quântica”, de Clemente Nóbrega
(analogia com conceitos da física quântica – fractais, sistemas abertos e
teoria do caos), são hoje fundamentos mais poderosos para a modelagem das
organizações do século XXI.
Gerenciamento do conhecimento (KM) significa organizar e
sistematizar, em todas as suas relações, relacionamentos e trocas, a capacidade
de uma empresa de captar, gerar, criar, analisar, traduzir, transformar,
modelar, armazenar, disseminar, implementar e gerenciar a informação que flui
por sua organização, tanto interna quanto externa, transformando–a efetivamente
em conhecimento, distribuindo–a (ou tornando–a acessível) de maneira
personalizada para quem de interesse. As fronteiras das empresas devem ser como
membranas, finas, seletivas, mas abertas, permitindo fluidez e renovação.
A matéria–prima desse conhecimento estruturado, o que passa por
essa membrana, é a informação. Entendo, porém, que informação, por si só, não é
vantagem competitiva. O fluxo de informações e o seu alcance passam a ser cada
vez mais pré–requisitos para as empresas do mundo digital. Mas, como qualquer
tesouro, só tem valor para quem alcança, sabe e consegue usar.
Por isso, defendemos o modelo quântico de empresa, uma vez que
permite sua total adaptabilidade ao mercado, que é, em primeira instância, um
sistema caótico. Entendemos ser essa a melhor forma de se permanecer protegido
no ambiente competitivo potencializado pela globalização e pelas tecnologias
digitais – o “mundo do networking, da coopetição, das redes interligadas”.
Valorizamos o “quântica” porque com esta filosofia a empresa se
comporta como um sistema aberto, inteligente, que troca com o meio, aprende e
desaprende com ele (destruição criativa), responde, reage. Esta nova
organização é capaz de criar complexidades em seu cenário competitivo e mudar
as regras da competição. Tendo a inovação como matriz, consegue se antecipar,
adaptar e sobreviver. Passa na seleção natural do mercado/clientes e se
perpetua, como gene egoísta que coopera para ter mais chance de sobreviver.
A informação aplicada, o conhecimento, passa a ser um ativo da
empresa e não mais um suporte à tomada de decisão. A empresa passa então a
competir sem fronteiras e sem amarras para captar e disseminar seu
conhecimento.
Cada vez mais, acredito que o conhecimento aplicado corretamente,
com diferenciação, passa a ser a principal arma de competição no mercado. É a
partir dele que os paradigmas são quebrados e surgem as novas tendências que,
quando antecipadas, geram barreiras competitivas e, portanto, vantagens
competitivas aos que primeiro as entenderem.
Como disse Peter Drucker, “o conhecimento difere de todos os
outros recursos por tornar–se continuamente obsoleto; o conhecimento que
importa está sujeito a mudanças freqüentes e repentinas”. É assim… mas é isso
ou nada! [Webinsider]
Daniel Domeneghetti
CEO da DOM Strategy Partners.
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