Nos
últimos cinquenta anos, diversas técnicas surgiram para evoluir a gestão das
empresas. Citando apenas três: a Matriz Swot, uma ferramenta para o
gestor identificar mais facilmente os pontos positivos e negativos do
presente e projetar uma visão de futuro, entendendo o que se coloca como
tendência; a Matriz
BCG que se propõe a analisar o ciclo de venda de produtos
e serviços, permitindo identificar quais geram melhores resultados com menores
esforços; e o Balanced Scorecard que
mede o desempenho da empresa, identificando o alinhamento atual com seus
objetivos estratégicos.
Várias teorias também
foram propostas de acordo com os contextos históricos, enfatizando os problemas
mais importantes enfrentados na época. O surgimento dessas novas teorias
era provocado por um ambiente corporativo que começou a ser afetado mais
rapidamente pelas transformações do mundo e também pelo fato da maioria das
organizações ainda raciocinarem por meio da certeza e da previsibilidade.
No
entanto, em uma perspectiva de futuro, pode-se dizer que tanto a certeza quanto
a previsibilidade estão sendo substituídas, gradativamente, pelo conhecimento, que, juntamente
com os valores, são
de fato os únicos ativos concretos das empresas.
Este
conhecimento, por sua vez, é uma condição
de evolução. A cada interação, colaboração e
compartilhamento entre diferentes cérebros, tudo passa a evoluir.
Neste
contexto, entra o gerenciamento
quântico.
Mas,
antes vamos voltar ao que seria a Teoria
Quântica. As bases dessa teoria foram assentadas pelo físico
alemão Max Planck, que
em 1900, postulou que a matéria só pode emitir ou absorver energia em pequenas
unidades discretas, chamadas quanta. Assim, essa teoria concentra-se em estudar
sistemas físicos cujas dimensões são próximas ou abaixo da escala atômica, tais
como moléculas, átomos, elétrons, prótons e de
outras partículas subatômicas, muito embora também possa, em alguns casos,
descrever fenômenos macroscópicos.
Max Planck propôs que a energia não é infinitamente
divisível, mas vem em pequeninos pacotes. Planck chamou esse pacote de
“quantum” de energia. Assim, em 1900, a teoria quântica nasceu. Cinco anos
depois, em 1905, Albert
Einstein, um jovem físico alemão, ainda desconhecido, publicou
a Teoria Especial da Relatividade e a Teoria do Efeito Fotoelétrico, que
revolucionou a mentalidade científica para o estudo dos fenômenos atômicos.
(Cortesia da imagem: Linda Hall Library)
A Teoria
Quântica constitui a base de toda a física moderna. Diferentemente da Física
Newtoniana que é cartesiana, linear e burocrática, Planck – ganhador do Nobel
de Física em 1918 – por sua vez, afirmava que a energia radiante tem, como a
matéria, uma estrutura
descontínua que só pode existir sob a forma de átomos. Em
termos gerais, esse mundo quântico é um mundo de processos com relações
criativas e flexíveis sem concentração de força ou poder.
E
o que o gerenciamento quântico tem a ver com as empresas?
Charlotte
Shelton, em seu livro “Gerenciamento Quantico”, esclarece:
A base do Gerenciamento Quântico
é fazer com que os que ocupam cargos de chefia possam entender a importância de
se atuar em conjunto.”
Shelton
fornece dicas de como se aplicar a Organização Quântica, usando sete
capacidades – Ver,
Pensar, Sentir, Saber, Agir, Confiar e Ser. Ela explica que,
quando as habilidades quânticas são usadas, o pensar e o agir podem se
modificar tanto na vida pessoal como na profissional. Segundo a autora, em uma empresa
essa atitude pode trazer resultados positivos, entre eles a oportunidade de
aprendizagem, aumento de lucros e melhora nos relacionamentos interpessoais.
Outra
autora, Danah Zohar,
física, filósofa e autora do livro “O Ser Quântico”, propõe uma nova visão,
diferente da de Newton, que separou o homem do universo. Danah destaca
que, ao contrário, a física quântica os reintegra.
Isso pode
representar uma nova e comparável teoria das origens do ser, baseada nas trocas
de energia entre partículas subatômicas; uma nova visão do mundo, que muda
nossa compreensão das relações entre corpo e mente e gera conceitos inéditos de
criatividade e liberdade; uma nova psicologia que redefine a natureza do ser e
de seus relacionamentos.
Ora,
vivemos uma verdadeira instabilidade ao nosso redor, sem nenhuma possibilidade
de certeza absoluta. Contudo, o modelo atual de gestão das empresas ainda
se ampara, como dito no início deste texto, na certeza e na previsibilidade.
As organizações são gerenciadas considerando-se que o sistema como um todo
funciona a partir da soma de suas partes, prevalecendo rígidos padrões
de disciplina e de hierarquia, em que o controle é o atributo essencial em
todos os níveis, em um processo totalmente linear cartesiano.
Entretanto,
as empresas podem ser consideradas um sistema aberto. Elas afetam e são
afetadas por todos os tipos de elementos; recebem, de forma descontínua, um
conjunto de fatores impactantes, originados das mais variadas fontes, externas
e internas ao seu sistema de gestão. Por mais que planejem seus investimentos e
atividades, o futuro será sempre indeterminado ou imprevisível.
Diferentemente
deste modelo, o gerenciamento quântico engloba capacidades interligadas a
comportamentos e habilidades relacionadas ao local de trabalho, que têm como proposta a transformação das
organizações.
Uma
empresa que adota a gestão quântica é holística e se preocupa
menos com o controle dos processos, buscando encorajar mais o relacionamento
entre os colaboradores; ela é flexível, pois
procura andar no limite entre a ordem e o caos.
O
significado disso tudo é a adoção de funções não tão específicas para os
profissionais, adaptando-os às necessidades, muitas vezes, contraditórias entre
indivíduos e equipes. Em outras palavras, cai por terra a atividade única de
especialista. Todos passam a ter um conhecimento mais abrangente de tudo para
solucionar problemas dos mais variados tipos.
Na gestão
quântica, todas as posições são válidas, pois não há imposição de ideias.
Acaba-se, então, o poder absoluto e centralizador, dando prioridade ao diálogo,
que, segundo Danah, é a receita para a quebra de paradigmas e para as
transformações.
Os
pressupostos de Danah possui seis pontos principais, quais sejam:
1-
Descobrir, no lugar de saber. É investigar junto com o
outro, em vez de bater-se pela sua certeza.
2-
Perguntas, não respostas. Não é ensinar, e sim,
explorar possibilidades novas.
3-
Partilhar, não ganhar. Não há um ponto de vista
melhor que o outro, há propostas.
4-
Igual, não superior. Todas as posições são
válidas, devemos aprender com todos.
5-
Reverência, não poder. Não há imposição de ideias,
há gratidão pela riqueza de cada experiência.
6-
Escutar. Dialogar é explorar novas possibilidades.
E diante
de todo este contexto quântico, o que o futuro nos reserva para nossas
carreiras profissionais?
Tom Peters, um dos maiores provocadores do
pensamento gerencial em todos os tempos, acredita que um líder,
deveria querer desenvolver pessoas para valer e tornar o ambiente de trabalho
um lugar cheio de energia, excitação, oportunidades de crescimento, e não ficar
se importando com o organograma. (Cortesia da imagem: Revista HSM)
Tom
Peters, escritor americano, escreveu no final da década de 90,
sobre as estruturas hierárquicas, da qual transcrevo uma parte abaixo:
A progressão vertical acabou. Não
há mais escadas. A linearidade é coisa do passado. Não é mais assim que as
carreiras funcionam. Hoje em dia, uma carreira profissional é como um tabuleiro
de xadrez ou como um labirinto. É repleto de passos laterais, para a frente,
diagonais ou mesmo para trás, quando isso faz sentido (e muitas vezes faz). Uma
carreira profissional é um portfólio de projetos que lhe ensinam novas
habilidades, lhe conferem novas conhecimentos especializados, aumentam seu rol
de colegas e reinventam você, enquanto marca, constantemente.
Quando você traçar o caminho a
ser seguido por sua “carreira”, lembre-se: a última coisa que você deve querer
é virar gerente. Como “currículo”, “gerente” é um termo obsoleto. É
praticamente sinônimo de “emprego beco sem saída”. O que você precisa é de
projetos cada vez mais interessantes, desafiadores e provocantes. Quando você
olhar para a progressão de uma carreira feita de projetos, o rumo não é apenas
difícil de identificar como também é totalmente irrelevante.”
E,
por fim, faço a seguinte pergunta:
Para
você, “gestão quântica” é só mais um termo bonito ou de fato uma tendência
verdadeira e coerente de transformação para o futuro das empresas?
Site O Futuro das Coisas/O futuro das Empresas
Site O Futuro das Coisas/O futuro das Empresas
Nenhum comentário:
Postar um comentário