Com
tantos super-heróis que vemos nos quadrinhos, na televisão ou no cinema, o
corpo humano parece ser básico demais. Não conseguimos escalar paredes com a
facilidade de uma aranha ou nos regenerar imediatamente. Até mesmo quando
comparado com outros animais, que possuem poderes incríveis, nosso corpo pode
parecer desprovido de habilidades mais notáveis. Mas isso é só uma impressão.
Apesar
de não podermos voar ou não termos um mecanismo para nos mantermos vivos
debaixo d’água, estamos lentamente percebendo, com a ajuda da ciência, que os
seres humanos podem fazer muitas coisas impressionantes, coisas que podem ser
chamadas de superpoderes, muito em função da complexidade e desenvolvimento de
nossos grandes cérebros.
A
lista abaixo, criada pelo site Listverse, mostra 10 destes superpoderes que
você não fazia ideia que nós tínhamos.
10.
Bioluminescência
Segundo
pesquisas recentes, assim como muitas criaturas oceânicas e alguns outros
mamíferos, seres humanos produzem seu próprio tipo de luz. Nós não sabíamos
disso até agora porque a nossa bioluminescência está fora do alcance dos nossos
olhos. Em um experimento, os pesquisadores conectaram cinco voluntários e
monitoraram suas emissões de luz por 20 minutos a cada três horas.
Para
sua surpresa, eles descobriram que o corpo humano constantemente emite um
brilho que não fazíamos ideia. Este brilho, que não deve ser confundido com
emissões de calor, é mais brilhante em torno da cabeça e mais escuro à noite.
Os cientistas não sabem exatamente o que causa isso, mas uma teoria é que a
bioluminescência humana seja “o resultado de radicais livres altamente reativos
produzidos através da respiração celular interagindo com lipídios e proteínas
flutuantes”, de acordo cm matéria publicada na época no jornal The Guardian.
Essas
moléculas excitadas podem interagir com fluoróforos, que podem emitir um fóton,
o que nos faria brilhar. A equipe acredita que as cabeças dos participantes
brilharam mais porque essa parte do corpo geralmente vê mais luz solar,
afetando a melanina dentro da pele e provocando a reação de iluminação melhor
do que outras áreas.
9.
Ouvir a temperatura
Nossa
pele é amplamente equipada para distinguir mudanças de temperatura. Juntamente
com nossas bocas e outros órgãos, tudo se junta para nos certificarmos de que
não engolimos acidentalmente algum alimento muito quente, mas isso tudo está relacionado
ao tato.
O
que você não sabia é que outros sentidos do corpo humano também conseguem
distinguir a temperatura. Um estudo realizado por uma agência de design de som
aponta que podemos “ouvir” frio e calor. Os pesquisadores fizeram os participantes
ouvirem o som da água quente e fria derramada em um copo e pediram que eles
distinguissem uma da outra. Surpreendentemente, impressionantes 96% dos
entrevistados conseguiram fazer isso, e os pesquisadores não sabem por quê.
Alguns
teorizam que pode ser devido à água fria ser mais viscosa e nosso corpo ter
desenvolvido um senso de reconhecimento ao longo do tempo. Mas por que
desenvolveríamos uma habilidade como essa continua sendo um mistério.
8.
Gaydar
O
mítico gaydar, a capacidade de dizer se uma pessoa é gay ou não sem nenhuma
prova concreta ou indício mais forte, é um tópico não só popular em conversas
de bar, mas também em salas cheias de cientistas comportamentais. A discussão
sobre se seres humanos possuem o poder de detectar a orientação sexual de
alguém foi levada a sério por alguns cientistas, e parece que a resposta é
mesmo sim.
Os
estudos realizados a respeito do tema foram em grande quantidade e bastante
decisivos, provando que todos nós nascemos com a capacidade de identificar
orientação sexual por meio de várias pistas – e a principal delas está
literalmente na cara: a estrutura facial é a maior pista sobre a orientação
sexual.
Em
um estudo, os participantes viram fotografias de 45 homens gays e 45 homens
heterossexuais. Absolutamente todos os participantes foram capazes de prever
com precisão quais eram os homossexuais, mesmo quando as fotografias eram
exibidas por apenas 50 milissegundos.
Em
outro estudo, os pesquisadores descobriram que somos ainda melhores em
determinar a orientação sexual das mulheres a partir de suas fotografias. Havia
menos “alarmes falsos” na avaliação da orientação delas do que deles.
7.
Força sobre-humana
Os
limites da força física humana vão muito além do que pensamos ou do que podemos
fazer no dia a dia. As pessoas são capazes de levantar carros e outros pesos
aparentemente impossíveis em momentos de tensão, como quando um filho está em
perigo, mas não conseguem repetir essas façanhas depois, quando tudo está calmo.
Indivíduos comuns já foram capazes de fazer em um dia comum o que os detentores
do Recorde Mundial do Guinness praticam anos e anos para fazer uma vez diante
das câmeras.
Infelizmente,
não sabemos exatamente o tipo de mecanismos que entram em ação quando a força
sobre-humana é ativada, pois é difícil replicar essas situações em laboratório.
Mas nós certamente registramos casos suficientes que provam que é uma super
habilidade com a qual todos nascemos.
Uma
matéria da rede BBC aponta alguns casos famosos: “em 2012, Lauren Kornacki, uma
mulher de 22 anos em Glen Allen, Virginia, levantou um BMW 525i de cima de seu
pai. Sete anos antes, um homem chamado Tom Boyle içou um Chevy Camaro,
libertando um ciclista preso em Tucson, Arizona. Os eventos nem sempre envolvem
veículos, como quando Lydia Angyiou enfrentou um urso polar no norte de Quebec
para proteger seu filho e seus amigos enquanto eles jogavam hóquei”, lista o
texto.
Na
mesma matéria, especialistas falam sobre a superforça nestes momentos e tentam dar
uma explicação. Segundo eles, nós não usamos nossa capacidade muscular no dia a
dia: “Seus músculos são normalmente ativados de uma maneira muito eficiente.
Por que usar toda a massa muscular para levantar uma xícara de café?”,
questiona na matéria Paul Zehr, professor de neurociência e cinesiologia na
Universidade de Victoria, no Canadá.
“Quando
precisamos arrastar o sofá pelas escadas, podemos simplesmente recrutar mais
unidades motoras. No entanto, mesmo quando sentimos que estamos no limite,
certamente não estamos. As estimativas variam, mas os pesquisadores
identificaram a quantidade de massa muscular recrutada durante o exercício
máximo em cerca de 60%. Até atletas de elite que treinaram para obter mais
resultados de sua musculatura podem aproveitar apenas cerca de 80% de sua força
teórica”, completa o texto.
6.
Enxergar um único fóton
Assim
como nossa força física, os limites dos nossos olhos também são desconhecidos.
Embora saibamos que eles são capazes de perceber o mundo melhor do que a maioria
das outras criaturas com visão, não sabemos exatamente tudo o que eles podem
fazer.
Uma
das maiores questões que os cientistas vêm levantando há algum tempo é
exatamente quantos fótons o olho humano pode ver. Apesar de ser uma questão
estranhamente específica, é difícil de responder.
Embora
estudos prévios tenham sido feitos para avaliar os limites de detecção de
fótons de nossos olhos, os resultados não são claros se o que se conseguiu foi
apenas uma resposta do corpo ou um verdadeiro sinal visual transmitido ao
cérebro. Em um estudo recente, no entanto, os pesquisadores descobriram que o
olho humano pode detectar um único fóton de luz.
“Descobrimos
que os humanos podem detectar um incidente com um único fóton na córnea com uma
probabilidade significativamente acima do acaso. Isto foi conseguido através da
implementação de uma combinação de um procedimento psicofísico com uma fonte de
luz quântica que pode gerar estados de luz de fóton único. Descobrimos ainda
que a probabilidade de relatar um único fóton é modulada pela presença de um
fóton anterior, sugerindo um processo de preparação que aumenta temporariamente
o ganho efetivo do sistema visual na escala de tempo de segundos”, relatam os
pesquisadores no estudo de 2016.
Descrevendo
a percepção de um fóton como “quase um sentimento, no limiar da imaginação”, os
pesquisadores dizem que isso poderia abrir o caminho para experimentos que
possam responder, por exemplo, como isso se aplicará a fenômenos quânticos
inexplicáveis como o entrelaçamento quântico.
5.
Detectar moléculas pelo toque
Embora
não seja tão popular quanto a visão ou a audição, nosso tato também tem seus
superpoderes. Para realmente determinar os seus limites, os cientistas fizeram
um teste extremo: eles tentaram descobrir se as pessoas poderiam distinguir
entre pedaços de silício com uma diferença de uma única camada de moléculas
entre si no topo. Era uma diferença tão suave que determinar a diferença
deveria ter sido impossível.
Mas
não foi. Os pesquisadores ficaram surpresos ao descobrir que todas as 15
pessoas participantes conseguiam dizer a diferença 71% das vezes.
De
acordo com os pesquisadores, os seres humanos podem sentir essas diferenças por
causa de um fenômeno conhecido como stick-slip (“grudar-deslizar”, em tradução
literal), o movimento repentino que ocorre quando dois objetos em repouso
começam a deslizar um contra o outro. É ele o responsável pelo som emitido
quando passamos o dedo pela borda de uma taça de vinho, o ranger de uma porta
ou o barulho de um trem parando, já que cada uma das superfícies têm
frequências de stick-slip diferente devido às moléculas que compõem a sua
camada superior.
Os
cientistas agora planejam implementar estas descobertas na tecnologia de
próteses, o que significa que as próteses em breve podem ter tatos tão bons ou
até melhores do que mãos reais.
4.
Reconhecer um sorriso antes que ele esteja lá
O
sorriso é parte essencial das relações humanas, guarda seus
segredos. Um sorriso nem sempre é uma resposta a algo engraçado, e
pode até transmitir uma emoção melhor do que palavras às vezes. Ainda precisamos
entender o que faz deles uma sugestão não-verbal tão crucial na interação
cotidiana, especialmente o quão bem podemos diferenciar um sorriso falso de um
genuíno.
Talvez
a descoberta mais incrível a respeito dos sorrisos é que podemos detectar o tipo
de sorriso antes mesmo dele acontecer. Os pesquisadores descobriram que temos a
capacidade de antecipar um sorriso que se aproxima e combinar o nosso com ele
em uma conversa do dia-a-dia. Além disso, podemos detectar se o sorriso é falso
porque o nosso sorriso-resposta só é acionado se o sorriso for genuíno.
A
equipe de pesquisadores da Universidade de Bangor, no Reino Unido, descobriu
que pares de estranhos que se conheciam e trocavam sorrisos, quase sempre
correspondiam ao tipo de sorriso que vinha do outro lado, genuíno ou educado –
mas eles responderam muito mais rapidamente aos sorrisos genuínos de seus
parceiros do que seus sorrisos educados, sugerindo que eles estavam antecipando
os sorrisos genuínos.
3.
Olfato tão bom quanto o de cães
Nosso
olfato nunca foi considerado particularmente poderoso. Acredita-se que os cães
e outros mamíferos sejam muito melhores detectando cheiros do que nós. Mas de
acordo com John McGann, neurocientista da Universidade Rutgers, nos EUA, que
passou 14 anos estudando o sistema olfativo humano, nosso olfato é tão poderoso
quanto o de qualquer outro mamífero.
A
noção de que o olfato humano não é tão bom veio de um estudo impreciso de 1979,
que afirmava que o órgão humano para o olfato era menor do que o de outros
mamíferos, como ratos e cachorros. Segundo este estudo, o bulbo olfatório – a
região do cérebro que processa a detecção de odores – seria menor, em relação
ao volume total do cérebro, em pessoas em comparação com cães e ratos.
As
descobertas de McGann provam que ele é, na verdade, muito maior do que
pensávamos, surpreendentemente. McGann aponta que, em termos absolutos, o bulbo
olfatório humano é maior do que em muitos mamíferos e uma pesquisa
bibliográfica revelou que o número absoluto de neurônios olfatórios era muito
maior do que se acreditava anteriormente, igualando-se ao de animais que
costumamos achar que são melhores cheiradores do que nós.
Outros
estudos também já haviam tentado desmistificar a suposta fraqueza do olfato
humano. Um deles descobriu que os seres humanos são capazes de distinguir entre
um trilhão de cheiros diferentes. Outro mostrou que as pessoas são
surpreendentemente capazes de rastrear um cheiro em um campo de grama.
2.
Detecção da ovulação feminina
Detectar
as fases férteis dos ciclos menstruais das mulheres pode ser um superpoder
estranho, mas não deixa de ser um superpoder. Os cientistas tentaram por muito
tempo encontrar as pistas externas que as mulheres dão para mostrar que estão
neste período do mês, mas então perceberam que não precisamos saber as pistas,
pois o cérebro humano é capaz de detectá-las por conta própria.
Em
um estudo, descobriu-se que as mulheres eram capazes de reconhecer outras
mulheres em seus estágios de ovulação. Do ponto de vista evolutivo, este
talento faz sentido, na medida em que nossas antepassadas poderiam saber de
quais mulheres deveriam manter seus parceiros afastados.
Em
outro estudo, os pesquisadores descobriram que os homens tendem a enxergar as
mulheres ovulando como mais atraentes, indicando que a capacidade é inata na
maioria de nós. Surpreendentemente, isso não era verdade para homens casados
ou comprometidos, um possível mecanismo evolutivo contra a traição.
1.
Personalidade cheirosa
Calcular
a personalidade de alguém em uma conversa e modular nossas respostas de acordo
é algo que todos fazemos inconscientemente, mesmo que não percebamos isso.
Muito disso é baseado em pistas visuais e auditivas, mas os pesquisadores
ficaram surpresos ao descobrir que somos muito bons em cheirar a personalidade
também, mudando completamente a forma como vemos as interações do dia-a-dia.
Em
um estudo da Universidade de Wroclaw, na Polônia, pesquisadores descobriram que
somos capazes de prever vários traços de personalidade – como extroversão,
neuroticismo e dominância – apenas pelo odor corporal. A taxa de acerto foi tão
boa quanto quando os participantes mostraram sinais visuais, especialmente para
dominância naqueles do sexo oposto.
Os
pesquisadores não entendem bem como isso funciona. No entanto, este estudo foi
o primeiro de muitos que estão sendo feitos para entender os vários traços de
personalidade que o nosso odor carrega e respostas mais profundas provavelmente
estão a caminho.
Jéssica
Maes
Listverse HypeScience
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